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Reinaldo Azevedo

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Alto lá! A primeira-amiga íntima de Lula merece mais respeito!

Rosemary Nóvoa Noronha, a dita “amiga íntima” do então presidente Lula, que chefiava o escritório da Presidência em São Paulo até ser defenestrada pela Operação Porto Seguro, parecia ser apenas a personagem quase folclórica de um esquema de corrupção incrustado no coração do Poder Executivo. Na VEJA desta semana, os repórteres Rodrigo Rangel e Daniel […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h07 - Publicado em 7 jan 2013, 05h01
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  • Rosemary Nóvoa Noronha, a dita “amiga íntima” do então presidente Lula, que chefiava o escritório da Presidência em São Paulo até ser defenestrada pela Operação Porto Seguro, parecia ser apenas a personagem quase folclórica de um esquema de corrupção incrustado no coração do Poder Executivo. Na VEJA desta semana, os repórteres Rodrigo Rangel e Daniel Pereira demonstram que não. A revista teve acesso à sua agenda. Reproduzo trecho da reportagem e volto em seguida.
    *
    Não era bem o que parecia. Quando o nome de Rosemary Nóvoa de Noronha veio a público com a deflagração da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, a amiga íntima do ex-presidente Lula e então chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo não passava de uma “petequeira”. A expressão, cunhada pelo ex-deputado Roberto Jefferson para designar funcionários públicos que se deixam corromper em troca de ninharia, parecia feita para ela. Rose, como é conhecida, foi acusada de integrar uma quadrilha especializada em fraudar pareceres oficiais para beneficiar empresários trambiqueiros. Defendia os interesses dos criminosos no governo e, em contrapartida, tinha despesas pagas por eles – de cirurgia plástica a prestações de carro. A versão da petequeira foi providencialmente adotada pelo PT. Rose, ventilou o partido, agiria apenas na arraia-miúda do governo e sem nenhuma relação com a sigla. Eis uma tese que os fatos vêm insistindo em derrubar.

    No mês passado, VEJA revelou que a amiga de Lula usava o cargo para agendar reuniões com ministros de estado: abria as portas, inclusive de gabinetes no Palácio do Planalto, a interesses privados. Agora, descobre-se que sua área de atuação abrangia também setores de orçamentos bilionários, como o Banco do Brasil (BB) e o fundo de pensão de seus funcionários, a Previ. Rose, a petequeira, participou ativamente das negociações de bastidores que definiram a sucessão no comando tanto do BB quanto no da Previ, defendeu pleitos de caciques do PT junto à cúpula do banco e atuou como lobista de luxo de empresários interessados em ter acesso à direção e ao caixa da instituição. Sua agenda de compromissos como chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, obtida por VEJA, mostra que, graças à intimidade com o então presidente, a mulher que num passado não muito remoto era uma simples secretária se transformou numa poderosa personagem do governo Lula.
    (…)
    Voltei
    Alto lá! Mais respeito com a primeira-amiga íntima de Lula! Embora os eventuais aspectos fesceninos da história possam provocar um desvio de atenção, Rose era uma poderosa lobista. Sua agenda revela, por exemplo, que, entre, entre 2007 e 2010, ela manteve ao menos 39 reuniões com representantes da cúpula do Banco do Brasil — 28 delas com vice-presidentes! Ela também influía nas escolhas para cargos de direção. Nem é preciso agenda para demonstrar seu poder. Leia isto: “A Rose levava as demandas institucionais do banco para o presidente. Esse contato direto foi muito positivo”. De quem é essa fala? De Ricardo Oliveira, um dos vice-presidentes do banco até o ano passado e um dos mais fiéis aliados do atual presidente da instituição, Aldemir Bendine, cuja indicação contou com uma forcinha a primeira-amiga íntima.

    Já se noticiou que uma empresa de fundo de quintal de familiares de Rose celebrou um contrato de R$ 1,2 milhão com uma subsidiária do Banco do Brasil. A agenda revela que, no período de negociação, ela manteve reuniões na presidência do banco com funcionários ligados justamente à área que garantiu a boquinha. Um deles era José Salinas, vice-presidente de Tecnologia até junho de 2010 e amigão de José Dirceu. Rose tentou emplacar a sua permanência no cargo. Não conseguiu. Salinas, no entanto, não tem do que reclamar. Atualmente, dá expediente em Nova York como gerente regional do BB para a América do Norte.

    A agenda evidencia um encontro seu com o então advogado-geral da União, José Antônio Dias Toffoli, hoje ministro do Supremo. Também dava as boas-vindas a empresas estrangeiras que se instalavam no Brasil. Em 2009, ela se reuniu duas vezes com um representante da Boiron, multinacional do setor de medicamentos. Só isso? Informa VEJA: “O rol de compromissos inclui ainda representantes de uma companhia japonesa, bancos privados, empresas aéreas e associações empresariais. Coisa digna de ministra de estado. Petequeira?”.

    Encerro
    O que uma simples chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo — uma desnecessidade absoluta — tinha a conversar ou a negociar com esses potentados? Eis, por enquanto ao menos, um dos segredos mais bem guardados da República. Os petistas fazem um esforço danado para que essa desenvoltura pareça coisa natural. Em certos setores, até se lastimam, como posso escrever?, as escolhas do indivíduo Lula, como se estivéssemos diante de uma mera questão pessoal.

    A agenda de Rose demonstra que é imerecido o tratamento às vezes pitoresco que se dá ao caso. Rose, como se vê, merece ser tratada como mais respeito, certo?

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