Vou parodiar os petralhas. Quá, quá, quá. KKK. Vocês queriam o quê?
Não tinha lido uma reportagem de Leandro Machado na Folha Online. Um leitor acaba de chamar a minha atenção. Pelo visto, agora que Caetano Veloso pode aderir ao anticapitalismo, Mano Brown, o Lênin do RAP, decidiu fazer o contrário. É… Se Caetano é black bloc, Mano Brown vira animador de “playboy”. Acho que faz todo sentido. Leiam trecho do texto da Folha.
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Uma fila de Porsches, Mercedes, Ferraris e Range Rovers se formou na rua Quatá, na Vila Olímpia. Os mais modestos chegavam de i30 ou Fiat 500. O estacionamento, a R$ 30, ficou lotado. “Doors open at 10:00 PM”, dizia o flyer da Royal Club, balada de “mauricinhos” na zona sul de São Paulo. Era show dos Racionais MC’s, o maior expoente do rap brasileiro e voz autoproclamada da periferia. Duas horas antes do show, anteontem, os carrões paravam e o público fazia a “social” na porta da casa. Os VIPs entravam correndo. Andrés Sanches, ex-presidente do Corinthians, entrou rápido e logo foi para o camarote –R$ 3.500 o mais caro, para dez pessoas. Denilson, ex-jogador e comentarista da Band, também não fez hora. “Você quer que eu fale da banda? Não conheço muito, mas pode anotar aí que eu gosto”, disse a promoter Gabriela Burbos, 20, salto altíssimo, shortinho e boné ao estilo “rapper” virado de lado. Na fila, ela encontra o amigo Rodrigo Queiróz, 22, jogador de futebol sem clube no Brasil, mas “com transferência certa para a Hungria”. Eles dizem ser habitué da Royal e, nesse domingo, tiveram a oportunidade de assistir a um dos grupos mais famosos do Brasil em um local, digamos, mais exclusivo.
Os Racionais, até o fim dos anos 90, tocavam apenas em casas dedicadas ao rap. Mano Brown dizia (e cantava) não gostar de playboys. A presença do grupo num lugar como a Royal seria impensável há dez anos. Em 2010, a banda se apresentou lá, mas sem sua clássica formação, com Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay. A Folha tentou conversar com a banda antes do show, mas os integrantes não falaram.
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A Royal, que tem capacidade para 600 pessoas, estava lotada –o ingresso custava R$ 100 para homens e R$ 60 para mulheres. O bar, cheio, cobrava a R$ 16 uma cerveja e R$ 35 a dose de tequila. Nos camarotes, baldes com garrafas de champanhe eram servidos com velas de aniversário presas ao gargalo. Cada garrafa custava R$ 430. Por volta das 2h, começou uma batida e tudo escureceu. Uma fumaça branca e gelada foi lançada de um canhão no teto. Quando a névoa se dissipou, lá estavam os Racionais no palco.
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Se não empolgou, não foi só por culpa da banda. O público parecia mais interessado em registrar a ocasião com smartphones do que em ouvir a música. Mano Brown só cantou. Não fez nenhum de seus famosos discursos. “Obrigado, São Paulo, segunda é dia de trampo”, encerrou.