A Lei Eleitoral é demofóbica
Eu não gosto nada dessa tal Lei Eleitoral. Pra começo de conversa, é demofóbica. Parece ter horror ao ajuntamento de gente. Eu também tenho. Mas sou eu que não me junto aos meus pares humanos. Não tenho nada contra o fato de que eles se reúnam. Se for longe de mim, melhor. Por que um […]
Eu não gosto nada dessa tal Lei Eleitoral. Pra começo de conversa, é demofóbica. Parece ter horror ao ajuntamento de gente. Eu também tenho. Mas sou eu que não me junto aos meus pares humanos. Não tenho nada contra o fato de que eles se reúnam. Se for longe de mim, melhor. Por que um artista não pode cantar nem de graça num comício? E dar estrela e salto mortal, pode? E fazer lançamento de anões? Também estão proibidos chaveirinhos, canetinhas, camisetas, sei lá o quê… Pode cuspir? Até parece que isso iguala os postulantes. Conversa mole. Quem já tem um nome nacional por causa de disputas anteriores sai em grande vantagem. Levada a ferro e fogo, a campanha se restringiria à televisão, também com as muitas proibições. O beneficiário do momento será Lula. Detesto que me digam o que posso ou não fazer. Se há mal de que não padeço é carência de tutores. Com os diabos! Eleições dizem respeito à coletividade, sei disso, não a indivíduos apenas. Mas sempre prefiro, lá vem Tocqueville, corrigir os males da liberdade com mais liberdade. Os únicos prejudicados pela realização de showmícios são os coitados que ficam expostos à axé music (esse “music” é demais!), breganejo, forró e caterva. Quanto mais proibições, mais transgressões e taras. Na era vitoriana, comidas em formato de croquete eram proibidas. Resultado: a vida dos cavalariços era uma farra. A única coisa que se torna mais excitante com excesso de interdições é o sexo. Mas volta São Paulo, já citado hoje (às 18h37): “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”.