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A imprensa, a tática do terror e o risco de a violência se alastrar

Há um óbvio surto industriado de violência em São Paulo, sob o comando da bandidagem organizada. E há uma verdadeira escalada de insanidade na cobertura da imprensa, estimulada, ademais, por comportamentos marotos de autoridades federais. Fazer alarde — que é coisa diferente de noticiar — das ocorrências, é evidente, estimula outras tantas ocorrências. E não […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h25 - Publicado em 14 nov 2012, 14h01
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  • Há um óbvio surto industriado de violência em São Paulo, sob o comando da bandidagem organizada. E há uma verdadeira escalada de insanidade na cobertura da imprensa, estimulada, ademais, por comportamentos marotos de autoridades federais. Fazer alarde — que é coisa diferente de noticiar — das ocorrências, é evidente, estimula outras tantas ocorrências. E não só em São Paulo!

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    Desde que o estado passou a ser alvo da ação deletéria do crime organizado, o trabalho virtuoso que se faz na segurança pública ao longo de uma década — ou será que isso é falso, que isso é delírio, que estão errados todos os estudos sérios a respeito? — passou a ser ignorado. Não! Passou a ser pisoteado!

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    O que a bandidagem vê na TV são autoridades sob ataque, submetidas a uma contínua desmoralização. O que mais podem querer os criminosos? Mandam incendiar ônibus, matar policiais, executar pessoas a esmo, e depois experimentam o gostinho de ver essas autoridades com o microfone na cara, obrigadas a dizer alguma coisa.

    Notem que nem mesmo se diz: “A polícia errou aqui e ali; em vez de fazer tal coisa, fez o contrário”. Ou ainda: “Autoridades foram lenientes e permitiram que…”. Nada disso! Não há uma crítica objetiva ao trabalho das polícias — até porque a história é favorável a esse trabalho. A ironia, reitero, é que se está a falar de um dos estados com o menor número de homicídios do país.

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    Estou, com isso, tentando negar o óbvio? Ao contrário: estou cobrando que se reconheça o óbvio. De novo: há uma diferença entre noticiar e aderir à estética do terror.

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    Ontem, assistiu-se em Santa Catarina a atos delinquentes parecidos com os que têm ocorrido em São Paulo. E há, tudo o mais constante, o risco de que ações parecidas se alastrem Brasil afora. Quando o senhor José Eduardo Cardozo resolveu fazer proselitismo vulgar sobre o assunto, não atentou para os riscos. Até porque os dados indicam que, proporcionalmente, São Paulo tem menos bandidos na rua do que a maioria dos estados brasileiros — já que é aquele que mais prende.

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    Tudo o que quer um bandido é ver a sua obra na TV. Negar a influência da cobertura jornalística no comportamento das pessoas é besteira. Não estou aqui a cobrar que a imprensa ignore os fatos. Ao contrário: têm de ser noticiados. Não estou aqui a cobrar que a imprensa não aponte os erros e as falhas da polícia quando existem. Ao contrário: têm de ser noticiados.

    Mas estou, sim, a cobrar que se deixe claro qual é o alvo. O que, afinal de contas, se procura, além de informar? Reforçar as boas práticas policiais, denunciando as más, e contribuir para que a onda de crimes termine ou desmoralizar os órgãos que respondem pela segurança pública?

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    Cuidado! Aberta a Caixa de Pandora, saem os monstros, e só a esperança resta lá no fundo. É fácil botar fogo num país que tem 50 mil homicídios por ano. Os bandidos já perceberam que podem contar com setores da imprensa como aliados objetivos (ver o que significa um “aliado objetivo”). Não custa lembrar que a publicidade máxima, com a desmoralização da ordem, é parte das táticas do terror. 

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