Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

A IGREJA, O CELIBATO E O POSTE DE CHESTERTON

Eu não devo satisfações aos aiatolás de nenhum grupo: catolicismo, islamismo, judaísmo, daimismo, ateísmo… “Aiatolá”, aqui, é, evidentemente, uma metáfora. Defendi, sim, o fim do celibato na Igreja Católica — que não é e nunca foi matéria doutrinária. Se Pedro, que era Pedro, tinha sogra, por quer não o padre Serafim? Basta apenas se instruir […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h41 - Publicado em 22 mar 2010, 20h16

Eu não devo satisfações aos aiatolás de nenhum grupo: catolicismo, islamismo, judaísmo, daimismo, ateísmo… “Aiatolá”, aqui, é, evidentemente, uma metáfora. Defendi, sim, o fim do celibato na Igreja Católica — que não é e nunca foi matéria doutrinária. Se Pedro, que era Pedro, tinha sogra, por quer não o padre Serafim? Basta apenas se instruir sobre como e por que a Igreja fez essa escolha para constatar que ela pode mudar sem que se mude sua essência.

Sou católico. Não pertenço, por óbvio, à hierarquia nem a qualquer outro grupo religioso, embora, na maioria das vezes, eu me identifique com posturas chamadas por aí de “conservadoras”. Eu não cometo é o erro estúpido de considerar o celibato uma questão doutrinária. A menos que queriam jogar fora São Paulo. Eu também acho melhor casar do que abrasar-se, não é? Especialmente certo tipo de abrasamento que tem corroído a credibilidade da Igreja — infelizmente!

Considero a instituição muito mais importante do que supõem alguns que se querem seus guardiões. Para os crentes, ela guarda os princípios da fé; para a cultura, alguns dos fundamentos do que de melhor gerou a civilização ocidental. O desprestígio da Igreja Católica traz consigo a marca da decadência dessa civilização. Até quando uma escolha  — QUE NÃO É DOUTRINÁRIA, REITERO, OU ME PROVEM O CONTÁRIO —, tornada deletéria ao longo da história, continuará a deitar a sua sombra sobre a instituição, tornando-a, a cada dia, um pouco menos relevante? E tudo porque há setores, como noto por certas reações iradas, que vêem qualquer mudança como o princípio do fim dos tempos?

Ora, essa gente precisa aprender uma singela lição de Chesterton: um poste que é continuamente pintado e reparado será sempre novo — e isso assegura a sua perenidade. Só assim ele pode ser virtuosamente antigo. Sim, trata-se da mudança que conserva, não da mudança que destrói. A Igreja tem de saber enxergar os novos tempos com os olhos de sempre; se fizer o contrário — usar os olhos de sempre para assegurar que nada muda —, marcará um encontro com a irrelevância.

Querem conservar a Igreja? Pois que se eliminem, então, as práticas que concorrem para os desvios de conduta. No terreno teológico e político, as “escatologias da libertação” e as “pastorais de minorias” — que negam a própria essência do catolicismo — minam a reputação da Igreja e a afastam de seus desígnios porque trazem para o seio da instituição uma pauta avessa a seus próprios fundamentos. Infelizmente, tem havido mais tolerância com essas correntes do que seria razoável. Nesse sentido, o pontificado de  Bento  16 tem sido um tanto decepcionante.

Continua após a publicidade

No que diz respeito à relação com a comunidade, não adianta cobrir a verdade com o véu da hipocrisia, os desvios de conduta de quem usou a Igreja para se esconder — não para revelar uma vocação — tem empurrado a instituição para a página dos escândalos. A sacristia não condiciona uma sexualidade. Alguém a levou para lá e contou com circunstãncias que favoreceram tanto a sua repressão como a sua expressão.

Quem se dispõe a provar que o celibato está entre as verdades que podemos dizer reveladas? Querem enganar-se a si mesmos? Que o façam. Mas não tentem enganar os leitores. “Ah, logo apareceria alguém defendendo o casamento gay de padres”, dizem alguns. É provável. E outras demandas ainda mais “assustadoras” apareceriam. E a instituição não teria de ceder a nada que não concorresse para o seu fortalecimento,— e sem jamais abrir mão de sua doutrina.

Operando no limite escolhido por esses críticos, constato e indago: hoje, não existe a “pressão” pelo casamento gay de padres ou outras  modernices.  Ouso dizer que seria melhor essa pressão do que os descalabros que vazam das sacristias. As REALIZAÇÕES encobertas dos abrasados agridem a Igreja Católica muito mais do que as DEMANDAS escancaradas — que, de resto, são apenas SUPOSTAS. Até porque, convenham, reivindicar é direito de todos. A Igreja cede se quiser. Inaceitável é que ALGUNS sacerdotes joguem no lixo os seus votos e ainda acrescentem a essa atitude um crime detestável.

Aos tontos que resolveram me ofender por aí — alguns especulando até sobre a formação religiosa das minhas filhas (uma delas fez um catecismo de um ano, com aulas sobre os três monoteísmos) —, dizer o quê? Estou acostumado a lidar com brucutus e monopolistas da verdade. Quem disse que o espírito petralha — “Nós temos a verdade, e quem não está conosco tem de ser destruído” — é exlcusividade dos… petralhas?

Continua após a publicidade

Parem com o que chamo “exclamacionismo”!!! “Olhem o que ele escreveu!!!” Sim, escrevi: em 2007, em 2008 e, agora, em 2010. Em três anos, os escândalos de sacristia só fizeram crescer. Parem de exclamar e tentem contestar a minha tese central: O CELIBATO É UMA ESCOLHA; NÃO É MATÉRIA DE DOUTRINA E JAMAIS FOI INSPIRADO POR DEUS!

Por que não aceitam o meu desafio e não tentam provar que estou errado?

PS – Os que se querem “donos do conservadorismo” (!?!?!?) podem ficar tranqüilos. Por razoável, a chance de a minha tese vingar é reduzidíssima. Relaxem. Ninguém vai perturbar a paz dos que vão tocando lira rumo ao abismo. E vão ameaçar de excomunhão a vovozinha! Não só se querem representantes da Igreja como agora se sentem também verdadeiras autoridades eclesiásticas…

EU SOU CONSERVADOR. HÁ GENTE QUE É APENAS VELHA E CARCOMIDA. COMO UM POSTE QUE NÃO RECEBEU REPAROS!

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.