Muitos imóveis no Brasil ficaram famosos por terem sido palco de crimes que chocaram o país. Com esse histórico assustador, obviamente, as propriedades permanecem vazias por um bom tempo, à espera de um comprador que não se importe com o passado do endereço. Em alguns casos, os próprios donos ou herdeiros preferem manter o local fora do mercado, de forma a evitar que, em meio a abertura para visitação objetivando fechar um futuro negócio, as portas abertas atraiam uma peregrinação de curiosos.
O apartamento na cidade de Guarulhos, São Paulo, da família Nardoni, é um exemplo dessa maldição. O local demorou cinco anos para ser vendido (por uma triste ironia, mesmo tempo de idade da menina Isabella quando ela foi atirada de lá pela janela), um tempo bem acima da média para um condomínio que tem bastante procura de interessados. Os próprio Nardoni conseguiram vender outra unidade no mesmo prédio em um prazo bem menor.
É completamente compreensível essa dificuldade em comercializar um imóvel com esse perfil. Crimes como esse chocaram o país e sensibilizaram todos os brasileiros, que acompanharam o desfecho da história como se fosse uma novela. Por conta dessa força midiática, é muito difícil desassociar o espaço das memórias que envolvem o lugar. Segundo especialistas do mercado imobiliário, em um momento inicial, existe uma desvalorização muito grande. Passados alguns anos, no entanto, a história vai perdendo relevância, o que aumenta as chances de venda.
Alguns desses endereços ficam vazios por mais de uma década, mas por decisão de seus proprietários. É o caso da residência da família Richthofen, no bairro do Butantã, na capital paulista, que permaneceu fechada por doze anos desde o assassinato do casal pela filha e namorado em outubro de 2002. O filho do casal, único herdeiro, preferia que a casa se mantivesse dessa forma, por isso demorou tanto para decidir pela venda. Talvez por questões financeiras, o fato é que em 2014 ele acabou vendendo a propriedade por 1,6 milhão de reais,
Um imóvel que acabou se tornando ponto turístico por causa de seu passado é a casa em que Paulo Cesar Farias foi encontrado morto com sua namorada em 1996 na Praia de Guaxuma, em Maceió, Alagoas. Apesar das portas e janelas estarem quase sempre fechadas, é muito comum que curiosos parem no endereço para tentar espiar um pouco e, quem sabe, elaborar novas teorias de conspiração para o caso. O filho de PC Farias permanece dono do lugar e se nega a vender casa, mesmo tendo recebido uma boa proposta da construtora que construiu um prédio no terreno vizinho.
Informar ao interessado sobre se ocorreram assassinatos no imóvel não é necessariamente uma obrigação do corretor de imóvel. Com não há uma a previsão clara na Legislação a respeito do assunto, em tese, essa é uma discussão que pode ser levada a Justiça, caso o comprador se sinta lesado pela informação omitida pelo profissional.