A conduta de apoiadores de Jair Bolsonaro — e do próprio, claro — em Londres, durante o funeral da rainha Elizabeth, é mais um tiro no pé da campanha do presidente.
O presidente viajou ao funeral da rainha pensando associar sua imagem ao luto dos ingleses e, com isso, amenizar a rejeição por sua falta de sensibilidade durante a pandemia. O comportamento de Bolsonaro, que chegou a discursar de uma janela aos apoiadores, em nada sugeriu respeito pelo luto da família real, no entanto.
As imagens de um britânico indignado pedindo respeito pelo luto do país aos trogloditas que gritam contra jornalistas — outra mulher jornalista da BBC foi hostilizada enquanto fazia seu trabalho — correram as redes como símbolo da falta de compostura do bolsonarismo na Inglaterra.
A passagem do presidente por Londres gerou mais 1,2 milhão de interações no Instagram, Facebook e Twitter entre o domingo e 19h desta segunda. Os dados são do sofware da Vox Radar, especializado em análise de redes sociais, encomendados pela startup de comunicação O Pauteiro. Entre as interações, são considerados posts, likes, comentários e compartilhamentos.
Na análise, foi levada em conta as interações presentes em publicações que associaram o presidente ao termo “rainha”. No Twitter, foi possível verificar que, entre estas postagens, 53% foram negativas, 30% neutras e apenas 17% positivas. Entre os perfis que postaram utilizando esses termos, cerca de 40% são perfis fora da polarização política, 24% manifestam identificação com a esquerda, 22% são ligados ao bolsonarismo e outros 14% são identificados com a direita não bolsonarista.
Os percentuais são ainda mais negativos quando é associado o termo “Malafaia” ao presidente Bolsonaro, em referência ao pastor Silas Malafaia, que fez parte da comitiva brasileira presente ao velório. 70% das menções são negativas, 25% neutras e somente 5% positivas.
Quando levadas em conta as menções no Twitter relacionado o presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a avaliação das redes é melhor, puxada por postagens de perfis com viés bolsonarista. Ao abordarem ela, 39% das postagens são positivas, 35% negativas e 26% neutras. Do total de publicações, 40,2% são de perfis que manifestam identificação com o bolsonarismo, 42,3% não manifestam preferência política na rede, 9,5% são de direita “não bolsonarista” e apenas 8% manifestam preferência pela esquerda.