No dia 8 de janeiro, o Senado foi invadido e teve partes importantes do seu patrimônio histórico destruídas por bolsonaristas aloprados que defendiam o impeachment de ministros do STF e acusavam a Corte de censurar o discurso de ódio e as fake news de apoiadores de Jair Bolsonaro nas redes.
A tentativa de golpe também levou destruição à Câmara dos Deputados, ao Palácio do Planalto e, claro, ao próprio Supremo. Naqueles dias, senadores davam como morto o discurso bolsonarista diante da gravidade dos ataques aos símbolos democráticos da República. Soava como suicídio político defender bandeiras daqueles que profanaram as instituições. Ledo engano.
Vencendo ou não Rodrigo Pacheco nesta quarta, Rogério Marinho já conseguiu uma grande vitória ao bolsonarismo: provou que a agenda de ataque aos poderes segue viva, tem ampla bancada no Senado e capacidade de mobilizar os radicais nas redes. Para um movimento que representava o golpismo na política há 23 dias, caminha com muitos senadores o bolsonarismo.
Marinho é o candidato de Bolsonaro, um porta-voz das ideias do ex-presidente que sempre estimulou o confronto na Praça dos Três Poderes. Além de surfar na onda conservadora que elegeu bolsonaristas na última eleição, reuniu votos explorando a rejeição de Lula – padrinho de Pacheco – entre determinados senadores e prometendo dar espaço a parlamentares do baixo clero da Casa que foram ignorados na gestão de Pacheco.
Esse grupo, no entanto, não teria a maioria de votos para assumir o controle do Legislativo. Do lado do atual presidente da Casa, o risco de derrota não é levado a sério. Pacheco acredita ter 50 votos na eleição, um placar relativamente folgado no colegiado de 81 senadores.