A grita no Rio era generalizada desde o fim do ano passado, quando o governo de Jair Bolsonaro anunciou que o aeroporto Santos Dumont, no centro da capital fluminense, estaria no último bloco de terminais a serem concedidos à iniciativa privada durante a atual gestão. O leilão está previsto para este ano.
Os técnicos da pasta da Infraestrutura apresentaram um edital que agradou o titular Tarcísio de Freitas, mas provocou a ira de políticos locais, dado que previa um aumento no número de voos internacionais no terminal, algo que, segundo argumentaram os críticos da proposta, poderia levar à insolvência o outro aeroporto da cidade, o internacional do Galeão/Tom Jobim, na Ilha do Governador, a 20 quilômetros do centro.
Os críticos diziam que o governo federal estaria turbinando o aeroporto central e historicamente doméstico para valorizar o ativo que será concedido. O movimento seria predatório com o aeroporto mais afastado, já operado atualmente pela iniciativa privada.
Aliado de Jair Bolsonaro, o governador Cláudio Castro teve que se colocar ao lado da província na discussão. Prefeito do Rio, Eduardo Paes chamou o edital de eleitoreiro. Nesta quarta, o ministro Tarcísio teve que recuar. O governo anunciou a criação de um grupo de estudos para buscar uma modelagem que seja consenso.
Não bastasse o recuo claro e não bastasse o problema não ter sido resolvido ainda, o secretário de desenvolvimento de Paes, Chicão Bulhões, resolveu tripudiar do revés do governo federal.
“Muito boa a notícia sobre o recuo do governo federal na modelagem de concessão do aeroporto Santos Dumont. O governador finalmente levou o caso, o presidente finalmente atendeu, o ministro finalmente recuou. E o secretário de Aviação Civil? Que escreveu artigo no Globo chamando todo mundo que não concordava com ele sobre a modelagem de antidemocrático e antieconômico? Será que ele agora acha isso dos chefes dele?”, disse Bulhões.