O embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Labetskiy, declarou nesta terça-feira que o país está “aberto” para fornecer fertilizantes ao agronegócio brasileiro — embora pondere que a garantia de abastecimento dos insumos vai depender de outros fatores.
Desde a invasão da Ucrânia, no final de fevereiro, a Rússia tem sofrido uma série de bloqueios e sanções econômicas que dificultam o escoamento das exportações e afetam diretamente as lavouras brasileiras.
Apenas no último ano, 20% do total de fertilizantes importados pelo Brasil vieram da Rússia e, embora haja estoque dos insumos, a safra que começa a ser plantada em outubro vem se aproximando — e poderá ser uma preocupação para os produtores.
“Nós estamos abertos para alargar a cooperação e fornecer os fertilizantes para o Brasil, participando na criação dos novos sistemas de logística, distribuição e elaboração dos fertilizantes”, disse o embaixador russo durante audiência no Senado, nesta terça.
Labetskiy não detalhou quais seriam os novos sistemas mencionados. Atualmente, estão em andamento negociações com a Rússia sobre a venda da fábrica de fertilizantes nitrogenados em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, o que aumentaria a oferta dos insumos.
O embaixador fez duras críticas às sanções comerciais impostas à Rússia — as quais classificou como “ilegítimas” — e respondeu a questionamentos de senadores sobre a insegurança referente a transações financeiras, principalmente com os bancos russos excluídos do Swift, o sistema financeiro internacional.
“As sanções impostas a bancos russos para utilização do sistema têm criado incertezas nas transações comerciais com empresas sediadas na Rússia. Já existe alguma dificuldade referente a transações, principalmente no que diz respeito aos contratos de compra e venda de fertilizantes”, questionou o senador Zequinha Marinho (PL-PA), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.
Em resposta, o embaixador afirmou apenas que o bloqueio irá levar à criação de “novas modalidades de cooperação”. “O principal fator que me convence que isto vai acontecer é o fato real que o mundo é globalizado. Nas novas condições, isso poderá permitir não só alargar a cooperação, mas garantir a base para a segurança alimentar dos nossos países”, disse Labetskiy.