Ruralistas apostam no adiamento do Plano Safra para erguer CPI do Arroz
Comissão Parlamentar de Inquérito ainda precisa de 12 assinaturas para ser instalada

O deputado Luciano Zucco (PL-RS) coletou 159 das 171 assinaturas necessárias para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as suspeitas de fraude na compra de arroz pelo governo federal.
O adiamento do anúncio do Plano Safra gerou descontentamento entre deputados ligados à agropecuária e pode ser um trunfo para deslanchar as adesões para a CPI, analisam parlamentares.
Após reunião na quarta-feira entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), o governo decidiu adiar o anúncio do principal programa de financiamento do agro, que era esperado para esta semana.
Para o deputado Ricardo Salles (PL-SP), o adiamento mostra “descaso ao agro” e “incompetência sistêmica” do governo. Ele afirma que “o episódio do arroz é o mesmo exemplo”. Um dos signatários da CPI do arroz, Salles traça um paralelo com a Comissão que investigou o Movimento Sem Terra, no ano passado, a qual foi relator. No entanto, desta vez acredita que o objeto investigado é mais concreto.
“É ainda mais grave, mas não deixa de guardar muitas coisas que foram apuradas na CPI do MST”, afirma o ex-ministro do Meio Ambiente.
As suspeitas de fraude no leilão de arroz já causaram demissões no governo. O ex-secretário de Política Agrícola Neri Geller foi exonerado do Ministério da Agricultura e, nesta terça-feira, Paulo Teixeira confirmou a iminente troca de um dos diretores da Conab.