Quando se reúnem em Brasília para discutir temas de interesse conjunto no fórum de governadores, os chefes dos executivos estaduais costumam defender a importância da reforma tributária para o futuro do Brasil.
Quando os mesmos governadores sentam separadamente com interlocutores para discutir o mesmo tema e são instados a abandonar receitas generosas em nome das mudanças tributárias, a conversa muda.
Entra governo, sai governo e o Parlamento ensaia tocar uma reforma tributária que acabe com o modelo anacrônico vigente, que consume até 6% dos lucros das empresas com contadores e advogados tributaristas todos os anos.
A brincadeira sempre termina na pergunta: quem aceita perder receita? São Paulo perderia 9 bilhões pelo modelo em discussão no Senado. O Rio, que já está quebrado, perderia outros 3 bi. Pergunte a Witzel ou João Doria: algum governador topa o sacrifício?
A reforma em discussão na Câmara, patrocinada por Rodrigo Maia, pode até vingar como perfumaria. Os pontos realmente relevantes não passam nas bancadas estaduais – daí a ideia de jogar o tema para o ano que vem, um ano eleitoral, onde a desculpa política de que nada passa no Congresso em período eleitoral sempre vence.