O senador Randolfe Rodrigues enviou nesta quinta uma notícia crime ao STF contra Jair Bolsonaro por advocacia administrativa, que é quando o servidor público toma decisões em benefício próprio.
Na quarta, durante evento na Fiesp, o presidente disse que “ripou” funcionários do instituto do patrimônio histórico por conta da interdição de uma obra em uma loja da Havan no Rio Grande do Sul. Como se sabe, o dono da rede Luciano Hang, também conhecido como “velho da Havan”, é um aliado de primeira hora de Bolsonaro.
A obra precisou ser interrompida porque durante os trabalhos de escavação foi identificado materiais com potencial arqueológico no local.
O presidente chegou a ironizar na sua fala o Iphan, o órgão responsável pela preservação do patrimônio histórico e cultural do Brasil, dizendo que não sabia nem do que se tratava o instituto.
“Tomei conhecimento que uma obra… Uma pessoa conhecida, Luciano Hang, estava fazendo mais uma loja [da Havan] e apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta, né? ‘Que trem é esse?’, porque eu não sou tão inteligente quanto meus ministros. ‘O que é Iphan?’, com ‘ph’. Explicaram para mim, tomei conhecimento e ripei todo mundo do Iphan”, disse Bolsonaro.
Na notícia crime enviada ao STF, Randolfe diz que é evidente “que o ordenamento jurídico pátrio não é compatível com mais essa demonstração patrimonialista do presidente, que parece não ver qualquer diferença entre seus interesses pessoais – beneficiar seus amigos empresários – e o interesse público dos brasileiros – ver respeitada a ordem posta, inclusive no tocante à preservação do patrimônio histórico e cultural”.