Após um giro pelo Oriente Médio, que terminou na COP28, em Dubai, Lula visitou, nesta segunda-feira, 4, a Alemanha. Ele afirmou, em declaração ao lado do chanceler alemão Olaf Scholz, que a reunião do Mercosul, que ocorre esta semana no Rio de Janeiro, será “um momento decisivo” para o acordo entre o bloco econômico da América do Sul e a União Europeia.
“Discuti com o chanceler Scholz os esforços que estamos fazendo para concluir o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. São quase 23 anos de esforços inconclusivos”, disse Lula.
O encontro com o governo alemão foi uma retomada da Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível, que ocorreu pela primeira vez em 2015, com a visita de Angela Merkel ao Brasil. A Alemanha foi o primeiro país visitado por Lula após ser empossado como presidente do G20.
Confira a declaração do presidente na íntegra:
É uma grande satisfação voltar à Alemanha, país onde construí laços de amizade e respeito ao longo de toda a minha trajetória sindical e política.
Venho a Berlim, diretamente da COP 28 em Dubai, para presidir, ao lado do meu amigo Olaf Scholz, a segunda Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível.
Este mecanismo de consultas não se realizava desde 2015.
Estamos trabalhando para recuperar o dinamismo de nossa parceria.
A reunião de hoje trouxe excelentes resultados e traça um caminho para a nossa cooperação daqui em diante.
Adotamos a Parceria para uma Transformação Ecológica e Socialmente Justa.
Vamos reforçar a robusta cooperação na área ambiental, que inclui o Fundo Amazônia e muitos outros projetos.
Queremos atuar juntos na promoção da industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia.
Expliquei ao Chanceler Scholz as medidas que estamos tomando para cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030 e combater os ilícitos ambientais.
Este ano, reduzimos o desmatamento na Amazônia em quase 50%.
Conversamos também sobre as ameaças à democracia e ao Estado de Direito.
Concordamos em atuar juntos no enfrentamento de forças antidemocráticas que atuam de forma coordenada internacionalmente e fomentam o extremismo.
Esse é o espírito da Declaração Conjunta sobre Integridade da Informação e Combate à Desinformação.
Graças ao trabalho preparatório intenso de nossos ministros, foram firmados nesta visita outros textos nas áreas de meio ambiente, mudança do clima, agricultura, bioeconomia, energia, saúde, ciência, tecnologia e inovação.
A Alemanha é o mais tradicional parceiro do Brasil em matéria de cooperação técnica e financeira.
O BNDES e o banco de fomento alemão KfW vão estreitar ainda mais sua parceria, que já dura 60 anos.
Participaremos, ainda hoje, de seminário empresarial para discutir oportunidades abertas pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Amanhã, 5 de dezembro, será realizado, aqui em Berlim, o “Dia de Inovação do Brasil”, que vai conectar brasileiros e alemães em torno de discussões sobre startups, governo digital e inteligência artificial.
Em 2024, vamos comemorar o bicentenário da imigração alemã no Brasil, com atividades nos dois países.
Discuti com o Chanceler Scholz os esforços que estamos fazendo para concluir o Acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia.
São quase 23 anos de esforços inconclusivos.
Na próxima quinta-feira, na Cúpula do MERCOSUL, teremos um momento decisivo nessa negociação.
Reiterei ao Chanceler a expectativa de que a União Europeia decida se tem ou não interesse na conclusão de um acordo equilibrado.
Num contexto de fragmentação geopolítica, a aproximação entre nossas regiões é central para a construção de um mundo multipolar e o fortalecimento do multilateralismo.
Tivemos, ainda, a oportunidade de fazer um balanço do segmento de alto nível da COP 28 de Dubai, do qual ambos participamos.
Reiterei o convite ao Chanceler Scholz para participar da da COP 30, que será realizada em Belém, na Amazônia brasileira, em 2025.
A Alemanha é o primeiro país do G20 que visito após assumir a presidência do grupo.
Reafirmei as prioridades da presidência brasileira em combater as desigualdades, a pobreza, a fome, a mudança do clima e discutir a reforma das estruturas da governança global.
Agradeço ao Chanceler Scholz e ao governo alemão pela excelente acolhida.
Muito obrigado.