A Federação Única dos Petroleiros quer que o MPF investigue se o caso das joias dadas de presente à Michelle Bolsonaro tem relação com a venda da Refinaria Landulpho Alves, da Petrobras, na Bahia, ao fundo soberano de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, ocorrida em novembro de 2021.
Como se sabe, um auxiliar do ex-ministro Bento Albuquerque foi pego no aeroporto de Guarulhos com joias avaliadas em 16,5 milhões de reais que seriam um presente do governo da Arábia Saudita a esposa de Jair Bolsonaro.
Segundo a FUP, a Relam, como era chamada a refinaria, foi vendida pela metade de seu valor de mercado para o fundo Mubadala. Os petroleiros suspeitam que as joias foram dadas como retribuição ou propina pela venda, apesar de o caso tratar de dois países diferentes: os Emirados Árabes, dono do fundo soberano Mubadala, e a Arábia Saudita, que deu os itens de luxo de presente.
A refinaria e seus ativos logísticos foram vendidos por 1,8 bilhão de dólares, aproximadamente 10,1 bilhões de reais na época. Segundo o Instituto de Estudos Estratégico de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), no momento da venda a refinaria valia entre 3 e 4 bilhões de dólares. Avaliação semelhante foi feita pelo banco BTG.
“A ação encaminhada pela FUP ao MPF faz a ressalva de que são ‘dois países diferentes: Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – doadores das joias e compradores da refinaria, respectivamente. Mas, em primeiro lugar, há de se ressaltar a proximidade geográfica e a aliança estratégica entre os dois países. O que se agrava pelo fato de em uma entrevista recente o ex-presidente Bolsonaro ter afirmado que ‘eu estava no Brasil quando esse presente foi acertado lá nos Emirados Árabes’. Ato falho ou não, as datas batem. Qual seria o motivo das joias virem escondidas e não declaradas, como de praxe em uma relação diplomática entre dois países?”, questiona o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.