A reunião que começou há pouco em São Paulo mostra como Jair Bolsonaro obrigou as forças de oposição a se mobilizarem — superando mágoas, traições e brigas estridentes de outras eleições — para vencer a eleição.
Marina Silva, vítima das fake news de campanha eleitoral do PT em 2014, quando Dilma Rousseff e João Santana lançaram vídeos no horário eleitoral que magoaram a presidenciável por espalharem mentiras sobre sua política econômica e social, está sentada ao lado de Lula e Gleisi Hoffmann para anunciar seu apoio formal ao petismo.
O caminho pessoal da ex-ministra era esperado, pois o seu partido já integrava o projeto de Lula, mas não deixa de ser simbólico dos novos tempos. Marina foi ministra no primeiro governo Lula. Deixou a Esplanada num processo de desgaste marcante no período. Depois, distanciou-se gradativamente da política petista por considerar que “ganhar perdendo” as eleições, sem propostas, não seria um caminho político para ela que dizia escolher “ganhar ganhando” ou perder sem desvirtuar seus ideais.
Militante do PT durante 30 anos, Marina deixou o partido em 2009 da sigla “por coerência” para “buscar um sonho” de implementar políticas que o petismo já não sustentava em seu governo: “É uma decisão que exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência”, disse naquele período.
A decisão desta semana está amparada no discurso de que o PT se comprometerá com as propostas de Marina. Ela admite esse momento. “Estamos vivendo um encontro político e programático. Do ponto de vista pessoal, tanto eu quanto o presidente Lula não deixamos de estar próximos”, disse Marina.
Marina diz que reencontra o petismo diante da “ameaça para a democracia” que representa Bolsonaro e seu projeto político de “banalização do mal”. “Homens se unem para salvaguardar o que está acima de nós. A democracia e o sofrimento do povo”, diz Marina.