Em busca de votos, Jair Bolsonaro levou a barulheira da campanha eleitoral até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, nesta quarta. Apoiadores do presidente converteram uma das principais datas da fé católica num ato de desrespeito religioso e de desprezo pela fé. A igreja, tomada por apoiadores, registrou momentos de comício político, com bolsonaristas glorificando o político e seu séquito diante do altar.
Na parte de fora do santuário, um grupo de bolsonaristas que acompanhava a visita do presidente agrediu a equipe da TV Aparecida, que cobria as festividades do 12 de outubro, Dia da Padroeira do Brasil. As imagens do santuário, tomado por bolsonaristas — alguns com copos de bebida — em nada lembravam a solenidade de um dia santo.
Coube ao padre Camilo Júnior, que celebrou a missa na chamada “Basílica Antiga” de Aparecida — não visitada por Bolsonaro — resumir o absurdo do dia. “Hoje não é dia de pedir voto. Hoje é dia de pedir bênção”, disse o padre. “Hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida. É a ela as nossas palmas, a nossa aclamação”, completou.
Políticos, em todas as campanhas, sempre flertaram com a fé para conseguir votos. Candidatos sempre participaram de eventos religiosos nesse período. Os políticos, no entanto, não eram a figura maior nesses eventos. O respeito era uma imposição durante um dia de celebração e reflexão. Bolsonaro não mostrou constrangimento em nenhum momento com a barulheira de seus seguidores na casa de Deus. Ao contrário, capturou o evento para sua turba.
Nesta quarta, uma fonte da campanha do presidente disse que a atuação de Bolsonaro no santuário foi “positiva”. “O PR invadiu a praia da igreja petista”, disse. O risco eleitoral de profanar o local sagrado, no entanto, é evidente.