O Brasil tem 33.325 famílias prontas para adotar e 4.318 crianças na fila, segundo o Sistema Nacional de Adoção, do CNJ. Isso significa que, para cada menor na espera para adoção, há quase oito grupos familiares à procura de um filho adotivo.
Para a escritora Lisandra Barbiero, os números que “não batem” são resultado de estigmas do DNA no processo de adoção. Um dos motivos, segundo ela, é a falta de literatura sobre o tema, o que a levou a lançar a sua primeira obra: “Não Nascemos Filhos, Nos Tornamos: o amor na adoção sempre vencerá o medo do abandono e do desamor”.
Adotada aos 7 meses, Lisandra permeia o tema em sua vida e a obra. Ela tem mais três publicações sobre adoção. “A Incrível Descoberta de Aninha”, que tem dois volumes, e o e-book “15 Lições de Uma Adotada”.
“Ainda há muita gente que diz aos pais adotivos que eles não sabem o que a criança adotada pode se tornar, que problemas essa criança pode dar depois. Há uma criminalização da genética”, disse a escritora.
“Eu vivenciei isso e outros adotados também, que se sentiam inferiores dentro da hierarquia familiar, tinham vergonha de contar sua história. Aí vem o medo, a falta de pertencimento da família”, relatou.
Das 4.318 crianças disponíveis para adoção no país, apenas 654 (15%) têm menos de 4 anos de idade. A grande maioria (63%) é maior de 6 anos e 1.467 (34%) já são adolescentes, com 14 anos ou mais. Em relação a raça e cor das crianças na fila para adoção, 54% são pardas, 28% são brancas e 17% pretas, mostram os dados da SNA.