Moraes diz que Bolsonaro confessou crime ao associar tarifaço e anistia
Ministro do STF afirma que ex-presidente usa sanções dos EUA em busca de ‘inexistente possibilidade de arquivamento sumário’ ou ‘inconstitucional anistia’

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro confessou “sua consciente e voluntária atuação criminosa na extorsão que se pretende contra a Justiça brasileira” ao condicionar, em entrevista a jornalistas na quinta-feira, o fim do tarifaço de Donald Trump contra o Brasil à sua própria anistia no julgamento da tentativa de golpe de Estado que culminou nos ataques do 8 de Janeiro.
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Para Moraes, a conduta de Bolsonaro na suposta articulação pelas sanções econômicas ao Brasil é “grave e despudorada”, sem “qualquer respeito à Soberania Nacional do Povo brasileiro, à Constituição Federal e à independência do Poder Judiciário”.
“Não há, portanto, qualquer dúvida sobre a materialidade e autoria dos delitos praticados por JAIR MESSIAS BOLSONARO no curso na AP 2668, onde pretende, tanto por declarações e publicações, quanto por meio de induzimento, instigação e auxílio -inclusive financeiro- a EDUARDO NANTES BOLSONARO, o espúrio término da análise de sua responsabilidade penal, seja por meio de uma inexistente possibilidade de arquivamento sumário, seja pela aprovação de uma inconstitucional anistia”, escreve o ministro do Supremo na decisão desta sexta-feira.
Citando a transferência de 2 milhões de reais de Bolsonaro a seu filho Eduardo, deputado licenciado que se mudou para os Estados Unidos, Moraes diz que os dois teriam o objetivo de interferir na atuação do STF e abalar a economia do país com a imposição de sanções econômicas estrangeiras à população brasileira “com a finalidade de obtenção de impunidade penal”.