As mensagens do celular do cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti, em poder da CPI da Pandemia, sugerem que o presidente Jair Bolsonaro teria tratado da compra de vacinas com o reverendo Amilton Gomes de Paula de forma não oficial.
Sem registros na agenda nem anúncios por parte do Planalto ou do Ministério da Saúde, Bolsonaro teria recebido o reverendo para tratar de vacinas que incluiriam, segundo Dominguetti, um pedido de propina de 1 dólar. Com a operação, como o Radar já revelou, o grupo sonhava em comprar mansão, carro importado e abandonar a “vida de pobre”.
No início de março, o presidente cobrou pessoalmente, segundo mensagens de Dominguetti, documentos que viabilizariam a operação milionária com o governo. Isso fica evidente numa troca de mensagens de Dominguetti com Rafael Compra Deskartpak, o mesmo interlocutor que tratou com o policial dos movimentos de Michelle Bolsonaro no mesmo caso, como revelado nesta segunda pelo Radar.
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“Manda o SGS. Urgente. O Bolsonaro está pedindo. Agora”, escreve Dominguetti a Rafael.
Rafael retruca: “Dominghetti, agora são 5 da manhã no Texas. E outra. Jamais será enviado uma SGS (O “SGS” é um certificado que garante a procedência do produto) sem contrato assinado”.
“O reverendo está em uma situação difícil neste momento. Ofereceu a vacina no ministério. Presidente chamou ele lá”, escreveu o policial militar em outro momento. “O presidente tá apertando o reverendo. Ele está ganhando tempo. Tem um pessoal da Presidência lá para buscar o reverendo”, complementa.
A turma, hoje se sabe, não tinha como garantir produto algum. Afinal, a AstraZeneca não usa atravessadores para negociar com governos. Se tivesse se interessado em atuar a favor das vacinas antes da chegada dos golpistas, Bolsonaro saberia disso.