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Medo de prisão e de o golpe flopar fez Bolsonaro recuar, diz militar

"Ele está com decreto pronto. Ele assina e aí ninguém vai. Ele vai preso. Então, não vai arriscar", disse Sérgio Cavaliere a outro militar

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 nov 2024, 09h08

Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram um diálogo bastante ilustrativo sobre os fatores que levaram Jair Bolsonaro a segurar sua “bic azul” na hora de assinar o decreto de golpe de Estado no fim de 2022.

Segundo Sergio Cavaliere, um dos auxiliares do presidente, informou ao coronel Gustavo Gomes no dia 20 de dezembro daquele ano, o presidente temia ordenar o golpe e ficar sozinho, como ocorreu no Peru, onde Pedro Castilho cruzou o rubicão e acabou preso. Esse destino assombrava Bolsonaro, na avaliação do auxiliar.

“O presidente não vai embarcar sozinho, porque pode acontecer o mesmo que no Peru. Ele está com decreto pronto. Ele assina e aí ninguém vai. Ele vai preso”, disse Cavaliere.

Naqueles dias, os comandantes das Forças Armadas eram pressionados a aderir ao golpe, que incluiria as mortes de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, além da criação de uma junta provisória que governaria o país e passaria a estabelecer o que seria verdade no Brasil a partir de então.

Pela lógica, uma investigação seria aberta para divulgar ao país que as eleições foram fraudadas. Seria essa a verdade e a partir daí o país estaria no escuro.

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“Posteriormente, no dia 20/12/2022, o coronel Gustavo Gomes pergunta se há ‘algo novo no front’. Na resposta, Sérgio Cavaliere cita novamente Mauro Cid como fonte, afirmando que ‘não vai rolar nada’. Na continuidade do áudio, o investigado ratifica, que o Alto Comando do Exército não aderiu ao golpe e que a Marinha aceitou, mas necessitaria da participação de outra Força, pois ‘não guenta a porrada que vai tomar sozinha’. Em seguida, Cavaliere profere ataques aos integrantes do Alto Comando dizendo ‘nossos líderes, formados naquela escola de prostitutas né, por escolherem um lado, o seu lado lado pessoal, em detrimento do povo’”, relata a PF.

Na sequência do áudio, Cavaliere explica o motivo de o então presidente Jair Bolsonaro não ter publicado o decreto golpista, que estava pronto, diz: “E o presidente não vai embarcar sozinho, porque pode acontecer o mesmo que no Peru. Ele está com decreto pronto. Ele assina e aí ninguém vai. Ele vai preso. Então, não vai arriscar (…)”.

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