Na reunião de quase duas horas que tiveram nesta quinta-feira, em São Paulo, o ex-presidente Lula incentivou o governador Paulo Câmara a disputar a vaga de Pernambuco no Senado, em uma mudança de rumo que contrariaria petistas do Estado que disputam o posto.
Na quarta, o PSB de Câmara decidiu abandonar discussões para fazer uma federação com o PT, PCdoB e PV. Mas Lula disse que ainda acredita na possibilidade de a legenda se juntar ao grupo.
O aceno ocorreu mesmo depois do acordo entre o PT e PSB que fez o senador Humberto Costa abdicar da pré-candidatura ao Governo do Estado no mês passado para apoiar o deputado federal Danilo Cabral, que também participou do encontro com Lula. Neste arranjo, caberia ao PT indicar o candidato do grupo político conhecido com o Frente Popular para o Senado.
A previsão é que os petistas decidam até o fim do mês entre os deputados federais Carlos Veras e Marília Arraes, a deputada estadual Teresa Leitão e o ex-prefeito de Petrolina Odacy Amorim. Mas a intervenção do ex-presidente pode fazer com que nenhum deles dispute a vaga no Senado. A ideia também é apoiada pela presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann.
Com a eventual candidatura de Paulo Câmara ao Senado, ele teria que deixar o Palácio do Campo das Princesas até o fim do mês. Desta forma, a vice-governadora Luciana Santos ficaria no cargo por nove meses. Como ela é presidente nacional do PCdoB, está seria uma forma de contemplar um dos principais aliados do PT.
Segundo interlocutores dos participantes da reunião, Lula disse a Paulo Câmara que seria um absurdo a política perder um quadro como ele, que não poderia disputar eleições em 2022.
Junto com a foto que ilustra este texto, o governador divulgou o encontro com Lula dizendo que eles tiveram “conversas importantes sobre políticas públicas, retomada da economia, o cenário político nacional e as eleições”. De fato, tiveram.