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Lula e Bolsonaro, unidos pelo amor ao segurança de campanha

Petista promoveu segurança de campanha na PF em 2003, exatamente como faz Bolsonaro agora -- e pelos mesmos motivos

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 abr 2020, 14h26 - Publicado em 28 abr 2020, 13h31
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  • Em 2003, quando subiu a rampa do Palácio do Planalto, o petista Luiz Inácio Lula da Silva tinha uma preocupação na cabeça e um segurança de campanha a quem recorrer.

    Francisco Baltazar da Silva, de 52 anos, era um policial mediano na Polícia Federal. Seu feito mais marcante na carreira havia sido a chefia da segurança de Lula na campanha de 1989 e em todas as seguintes.

    Com a chegada do petista ao Planalto, ele tornou-se o poderoso superintendente da PF em São Paulo. À nomeação no cargo, seguiu-se uma série de escândalos e suspeitas de aparelhamento político na corporação.

    Baltazar teve auxiliares presos por falcatruas investigadas pela própria PF e convivia com manobras do comando da polícia, em Brasília, para não ser informado de operações sigilosas.

    A cúpula da PF simplesmente não confiava em Baltazar. Acreditava que o segurança de Lula, convertido em superintendente, vazaria informações ao petista. Nada disso importava ao presidente.

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    O petista temia, naqueles dias, o avanço das investigações sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Ter um segurança de campanha num cargo estratégico da PF era a coisa mais acertada, julgava o petismo.

    Uma década depois, o governo Lula tornou-se página virada da história, mas seus métodos continuam ativos na política. Jair Bolsonaro, a exemplo do petista, promove barganhas políticas e o loteamento de cargos entre os partidos fisiológicos do Congresso para obter governabilidade. Tira fotos sorridentes e confraterniza em convescotes com os mesmos caciques que jurou combater em sua campanha contra a velha política.

    Bolsonaro, como Lula, também tem um segurança de campanha a quem recorrer e confiar nesse momento de preocupação com avanço de investigações contra seu clã político. O presidente acaba de nomear Alexandre Ramagem diretor da Polícia Federal.

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    Ramagem, a exemplo de Baltazar, não tem grandes feitos na carreira. Sua maior conquista foi ter caído nas graças de Carlos Bolsonaro e do capitão Bolsonaro. A partir de agora, terá o desafio de não acabar como Baltazar. O segurança de Lula, que escalou a hierarquia na PF por amizades políticas, terminou mal a sua passagem na instituição. Pediu demissão por considerar que era boicotado em investigações – realizadas sem que as informações sigilosas lhe fossem repassadas — e por ser visto pelos colegas como um quadro comprometido.

    “Por trás do pedido de exoneração do delegado, está o grande desgaste por ele sofrido nesses 18 meses em que dirigiu a PF, período em que a cúpula da instituição planejou e executou operações de grande impacto, que levaram à prisão empresários, advogados e policiais, inclusive subalternos do próprio Baltazar”, registrou o Estadão, em 2004, na saída de Baltazar.

    Ramagem assume o comando da PF com roteiro já estabelecido publicamente por Bolsonaro. Deve repassar informações de inteligência ao gabinete presidencial sobre investigações em curso contra Bolsonaro e seu clã político. Deve usar seus poderes para abrir investigações e apertar o cerco contra adversários políticos do presidente, em especial Rodrigo Maia. Deve ainda encontrar uma forma de apontar um mandante para o atentado cometido por Adélio. A lista é inicial. Virão outras tarefas.

    Bolsonaro, como Lula, trata seu segurança da campanha em alta conta. O petista dizia-se fã de Baltazar. Bolsonaro, ao ser confrontado por seguidores, diante da proximidade incômoda com o delegado, foi além: “E daí? Antes de conhecer os meus filhos eu conheci o Ramagem. Por isso deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?”

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