Governo federal recusa pedido de Doria para SP assumir Cinemateca
Solicitação havia sido feita após mais um incêndio que atingiu prédio com grande parte do acervo
O governo federal declinou oficialmente o pedido de João Doria (PSDB) para que a gestão da Cinemateca Brasileira passasse a ser feita pelo governo estadual em conjunto com a prefeitura de São Paulo. A resposta foi enviada há cerca de três semanas.
Logo após mais um incêndio que atingiu um dos prédios com o acervo da instituição, em agosto, a Secretaria de Cultura do estado recorreu à pasta de Mario Frias para que fosse feito um acordo. A ideia era que São Paulo assumisse a administração da Cinemateca, arcando com parte dos investimentos necessários.
“Pelo menos esse pedido eles responderam, porque mesmo antes do incêndio desse ano a gente já tinha feito um outro pedido de cessão, e eles [da Secretaria Especial de Cultura, do Ministério do Turismo] nem sequer responderam”, diz o secretário estadual de Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Após imbróglio que envolveu governo federal, Ministério Público e sociedade civil, o prédio principal da Cinemateca voltou a funcionar parcialmente no último mês — por enquanto, só vistorias e controle de acervo. A Sociedade Amigos da Cinemateca venceu o edital e vai fazer a gestão pelos próximos cinco anos.
O secretário de Cultura de São Paulo queixa-se, ainda, de que o pedido de cessão do Teatro Brasileiro de Comédia, na região central da capital, também nunca foi analisado pelo governo federal.
O TBC passou para a gestão da Fundação Nacional de Artes em 2008, e está fechado desde então. Entre alegações de falta e recursos e tentativas de parcerias com a iniciativa privada, o teatro foi um dos estopins para a saída do último diretor da Funarte.
Em maio deste ano, o coronel da reserva Lamartine Barbosa Holanda foi demitido pelo governo Bolsonaro e declarou que não podia aceitar “imposições equivocadas” da gestão Mario Frias — entre elas, a “nomeação de pessoal sem correta análise do perfil profissiográfico”.