Dias depois de receber no Palácio do Planalto a deputada alemã Beatrix von Storch, neta de um ministro de Adolf Hitler, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre a reunião na manhã desta quinta-feira, no bate-papo com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.
A “conversa de uma hora”, nas palavras da alemã, veio a público apenas na segunda-feira, mas ocorreu na semana passada — e até agora não consta na agenda oficial do presidente. Ela integra o Alternativa para a Alemanha e é neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, que foi ministro das Finanças de Hitler. O seu partido é conhecido por defender ideias racistas, xenófobas e antissemitas.
“Semana passada tinha um deputado chileno e uma deputada alemã visitando lá a Presidência, poxa, tratei, conversei, bati um papo. Vai que a deputada alemã é neta de um ex-ministro do Hitler. Pô, me arrebentaram na imprensa. Eu acho que a gente não pode ligar um pai a um filho, muitas vezes, né? Fez uma coisa errada, ligar a outro. Os regimes comunistas, né?, quando não encontravam o homem acusado de algum crime, prendiam a esposa deles, prendiam filhos”, afirmou Bolsonaro.
O presidente então fez um questionamento em tom de justificativa:
“Eu não posso receber essa deputada? Foi eleita democraticamente na Alemanha”.
Na sequência, ele argumentou que, se for ver a ficha de cada um para ser atendido, “vai demorar horas” e comparou o episódio à reunião que teve como o deputado federal Luis Miranda, no dia 20 de março, na sua residência oficial.
O parlamentar integrava a sua base na Câmara e disse ter ido ao encontro do presidente para denunciar um esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, cujo contrato foi cancelado nesta quinta, por sinal.
“Eu não vou falar nada sobre ele [Miranda], deixa ele… deixa ele, deixa ele, tá sendo investigado pela PF, tá?, pelo Conselho de Ética da Câmara também. Se ele se ele for inocente? Não vai ter problema”, declarou Bolsonaro.
Beatriz von Storch publicou cinco fotos da visita a Bolsonaro, na qual aparecem um filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, com o qual ela já havia se reunido antes. Uma das imagens mostra a alemã posando ao lado do presidente diante de imagens das “motociatas” realizadas por ele em cidades brasileiras. Em outra, ela entrega uma peça de arte de presente para o brasileiro.
O Radar questionou a Secom sobre o encontro na segunda-feira, mas até hoje não obteve nenhuma resposta.