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CPI deve esclarecer nesta quarta primeiro segredo da gestão Queiroga

A quase secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, Luana Araújo, deixou o posto nove dias depois de ser anunciada pelo ministro da Saúde

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 jun 2021, 09h07 - Publicado em 2 jun 2021, 06h01

A CPI da Pandemia se dedicará nesta quarta-feira a esclarecer a primeira grande polêmica da gestão de Marcelo Queiroga no comando do Ministério da Saúde, iniciada há pouco mais de dois meses.

A infectologista Luana Araújo prestará depoimento no Senado sobre sua breve passagem à frente da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, no mês passado. A médica sequer chegou a ser nomeada e deixou o posto nove dias depois de ser anunciada por Queiroga em um evento público, no dia 12 de maio.

O Radar Econômico revelou, no dia 21, que ela entregou o cargo ao ministro porque não aceitou “entubar” determinações vindas do Palácio do Planalto.

Luana dizia estar animada com as possibilidades de desenvolver um direcionamento de políticas no combate à pandemia pautadas pela ciência. Ela é formada pela UFRJ e pós-graduada em epidemiologia na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, referência nos estudos sobre a doença.

Na ocasião, o Ministério da Saúde divulgou nota informando que a infectologista não exerceria mais a função. “A pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas. A pasta agradece à profissional pelos serviços prestados e deseja sucesso na sua trajetória”, diz o comunicado.

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Em uma postagem nas redes sociais, a infectologista escreveu que saía da experiência como entrou: “pela porta da frente, com a consciência e o coração tranquilos”. E que, no curto período em que atuou, mesmo sem nomeação oficial, com “ética, cientificidade, agilidade, eficiência, empatia e assistência”. Ela ainda fez questão de agradecer a Queiroga pela “oportunidade, confiança e exemplarismo”, mas não revelou o que motivou sua repentina saída.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados na semana passada, Queiroga se referiu ao episódio lembrando que vivemos em um regime presidencialista, sinalizando possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na saída de Luana.

“É necessário que exista validação técnica e que exista também validação política para todos os cargos que pertencem ao núcleo de cargos de confiança do governo, porque senão não há condição do Presidente da república implementar as políticas públicas que são necessárias para o enfrentamento da pandemia de Covid-19”, declarou o ministro.

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Não à toa o depoimento de Luana foi antecipado para esta quarta-feira, pelo presidente da CPI, Omar Aziz. A previsão para esta reunião era uma audiência com quatro especialistas — dois escolhidos por cada lado da comissão — para discutir as medidas de enfrentamento à pandemia.

“Eu acho que amanhã o depoimento da Dra. Luana é muito importante. É muito mais importante do que a gente estar discutindo se cloroquina é bom ou não para a saúde”, declarou Aziz na reunião desta terça, quando os senadores interrogaram — e se irritaram com — a oncologista Nise Yamaguchi, defensora do “tratamento precoce” da doença com medicamentos sem eficácia comprovada.

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