A edição de VEJA que está nas bancas oferece aos leitores um número e uma constatação simples. Chefe da articulação política do Planalto junto ao Congresso, o general Luiz Eduardo Ramos anda com uma pasta debaixo do braço que tem a lista de 13.000 – isso mesmo, treze mil! – cargos do governo de Jair Bolsonaro que estão ocupados no momento por afilhados de políticos dos partidos do Parlamento.
Do número chega-se ao fato incontornável: a “guerra” entre Executivo e Legislativo, por causa do vídeo compartilhado por Bolsonaro, não tem nada de “ameaça à democracia”, é briga de rede social, conversa para inglês ver.
Com um caldeirão de interesses desse tamanho, dificilmente deputados e senadores com afilhados pendurados na máquina chegarão ao Congresso nesta semana dispostos a votar com independência para mostrar ao presidente que o Legislativo não se dobra a fanfarronices de WhatsApp.
A turma do Congresso, de fato, não gosta dos métodos de Bolsonaro, mas ninguém no Parlamento toma decisões por essa régua. Enquanto cargos e verbas estiverem rolando, toda polêmica de Carnaval ou de rede social ficará nisso mesmo.
É impossível enxergar campos opostos entre o Executivo e o Legislativo quando um naco tão grande da máquina pública sobrepõe interesses de políticos dos dois poderes. O que há é uma sociedade pautada no velho e conhecido toma lá dá cá. Aquele monstro que Bolsonaro jurou matar, se fosse eleito.