Um ministro da chamada ala moderada do governo de Jair Bolsonaro revela que o núcleo duro do Planalto tentou convencer Eduardo Pazuello a pendurar a farda e ir para a reserva no Exército. A conversa ocorreu logo que o general foi demitido do Ministério da Saúde. Pazuello, que só deixará a ativa em 2022, rejeitou a ideia.
A conversa voltou nesta segunda, diante da reação do comando do Exército ao passeio do general no ato político do presidente no domingo. Pazuello manteve sua posição.
A teimosia do ex-ministro da Saúde em misturar suas funções civis com a carreira militar, lembra esse ministro agora, vai custar caro ao general. Pazuello virou alvo de uma investigação aberta pelo comando do Exército nesta segunda para apurar transgressão disciplinar. Ao se associar cegamente a Bolsonaro, o general terá o mesmo destino do capitão na instituição?
Para quem não lembra, por unanimidade, o Conselho de Justificação Militar considerou, em 19 de abril de 1988, que Bolsonaro era culpado — a lista de transgressões é longa — e que fosse “declarada sua incompatibilidade para o oficialato e consequente perda do posto e patente, nos termos do artigo 16, inciso I da lei nº 5836/72”.
Pazuello, diz um interlocutor da ala militar do governo, se fia na amizade com Bolsonaro e na promessa deste de não deixá-lo na chuva. Sem cargo no primeiro escalão ele já ficou, é verdade. Mas tudo pode mudar.