Às vésperas da fatídica data de 31 de março, quando em 1964 houve um golpe militar no país, a hipótese da história se repetir ganhou força no imaginário dos brasileiros. Os primeiros sinais começaram na segunda, 29, quando o ministro Fernando Azevedo e Silva foi demitido por Jair Bolsonaro, em um dia que começara tenso, com a saída do chanceler Ernesto Araújo e que culminaria com uma dança das cadeiras ministerial a envolver outros quatro nomes.
O dia seguinte seria palco para a renúncia conjunta do comando das Forças Armadas, movimento excepcional na história recente do país. A temperatura já era por demais elevada quando, no início daquela noite, o recém-empossado ministro da Defesa Walter Braga Netto fez saber-se a “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964”. Na mensagem, trata o golpe como “movimento” e diz que o episódio deve ser “celebrado”.
Era o que bastava para que os brasileiros buscassem no Google informações relativas a “golpe de estado”. Naquele dia, o Brasil subiria ao pódio, ficando atrás de Mianmar, onde de fato ocorreu um golpe em fevereiro, e da Argentina, que lembra em 24 de março a queda de Isabelita Perón.
O temor da população se manteria elevado por mais um dia. Na quarta, nem mesmo a tentativa de golpe de estado no Niger, que acabou contaminando as preocupações dos vizinhos Togo e Mali, faria com que o Brasil saísse de uma espécie de “G-5” dos países que mais procuravam por golpe de estado na ferramenta de busca.