Questionado durante uma entrevista na manhã desta quarta-feira sobre o artigo de Luís Roberto Barroso que atribui à ascensão das mídias sociais o surgimento de milícias digitais e “terroristas verbais”, o presidente Jair Bolsonaro vestiu a carapuça e voltou a fazer uma série de ataques contra o ministro do STF e do TSE. Em uma resposta verborrágica que lembrou os tempos pré-“Declaração à Nação” (aquela escrita por Michel Temer), sobrou também para o ministro Alexandre de Moraes.
Bolsonaro começou dizendo que “de terrorismo” Barroso entende, já que ele defendeu o “o terrorista Cesare Battisti, o italiano que matou quatro pessoas de bem, fugiu pra França, depois veio pra cá, foi condenado”.
“Chegando aqui no Brasil, o advogado dele foi o Luís Barroso. Um bandido, assassino, terrorista, né? E dado a isso daí ele conseguiu junto ao PT ser alçado ao Supremo Tribunal Federal. Então a minha crítica não é ao Supremo Tribunal Federal, eu critico pontualmente as pessoas. É um direito dele defender um terrorista? É um direito. O advogado tem o direito de defender qualquer pessoa, que seja um pedófilo, é um direito dele, eu não defenderia”, declarou o presidente.
Referindo-se ao artigo, que foi publicado pelo blog IberICONnect, da Revista Internacional de Direito Constitucional, e não o menciona, Bolsonaro rechaçou a acusação de terrorismo e questionou Barroso qual crime cometeu e qual fake news praticou.
Na sequência, ele lembrou do julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão pelo TSE e do voto do ministro Alexandre de Moraes, que prometeu cassar o registro e prender o candidato que fizesse disparo em massa de notícias falsas.
“Olha, isso é jogar fora das quatro linhas. Eu só tenho isso a dizer a vocês. Eu sempre joguei dentro das quatro linhas. Não se pode falar em terrorismo digital. Que terrorismo é esse? É o que ele acha que é? Quem são os checadores dos fake news pelo Brasil? Contratados a troco de quê?”, questionou o presidente.
Bolsonaro então voltou a insistir na tese de que houve fraude nas eleições de 2018, vencidas por ele, repetindo que a cara de Lula (que não foi candidato) aparecia quando se apertava 17 nas urnas. E disse que Barroso e Moraes são “defensores” do petista.
“Quem esses dois pensam que são? Que vão tomar medidas drásticas dessa forma, ameaçando, cassando liberdades democráticas nossas, liberdade de expressão. Porque eles não querem assim, porque eles têm um candidato. Os dois, nós sabemos, são defensores do Lula, pô, querem o Lula presidente. Então nós sabemos o que acontece no Brasil. Agora, na mão grande isso não pode prosperar no Brasil”, declarou.
Na sequência, afirmou que as medidas dos dois ministros e de parte de governadores e prefeitos que fizeram lockdown no país serviram para que o povo sentisse “o peso pesado que é uma ditadura”.
“Então, de bom que fica pra gente, é conhecer essas pessoas. E eu digo, quem porventura se eleger presidente esse ano indica pra 2023 dois ministros para o Supremo Tribunal Federal. Então, mais que você estar elegendo um presidente, você pode estar elegendo também dois ministros com 40 anos de idade, que vão ficar mais 35 no Supremo. Então essa medida do Barroso, ao falar isso, você tem razão, falou isso mesmo de terroristas, isso não cola, pô. Isso não cola. É um desespero. Eu não posso acusar você de um crime sem o mínimo de indícios”, disse Bolsonaro.