Como presidente da República, Jair Bolsonaro pode demitir quem quiser no governo sem dar satisfação. O presidente não precisa, claro, humilhar seus auxiliares quando decide descartá-los. Foi, no entanto, o que fez Bolsonaro mais uma vez.
Antes de exonerar Bento Albuquerque, um almirante de esquadra da Marinha, o presidente poderia ter elogiado o trabalho do ministro e explicado que precisaria fazer mudanças para dar novo rumo a assuntos da pasta. Em vez disso, o presidente tratou de dar um sermão no auxiliar já demissionário.
“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm”, disse Bolsonaro na semana passada.
Bolsonaro não entende de economia. Deixou isso claro na campanha. Também não gosta de trabalhar. Deixa isso claro todo dia, quando escolhe passear de moto pelo país em vez de comandar reuniões de crise para tratar da inflação que sufoca os brasileiros. Precisava, no caso do novo aumento de combustíveis, de um bode expiatório. Bento é a vítima da vez. Antes dele, foi Joaquim Luna, o ex-chefe da Petrobras. Não serão os últimos.