Manter a fidelidade do PP no Congresso cedendo-lhe apenas um lugar na Esplanada dos Ministérios parecia uma pechincha aos governos do PT, acostumados a negociar cargos e mais cargos com o famélico PMDB.
A delação premiada de Alberto Youssef, no entanto, mostra que o PP cobrava mais que um quinhão ministerial para votar com o governo. De acordo com o doleiro, a cúpula pepista no Congresso recebia mesadas do petrolão que iam de 250 000 reais a 300 000 reais.
Entre os citados por Youssef como beneficiários do dinheiro desviado da Petrobras, quatro exemplares apoiadores do governo nas votações da Câmara: Mário Negromonte (PP-BA), João Pizzolatti (PP-SC), Pedro Corrêa (PP-PE) e Nelson Meurer (PP-PR).
Considerando um levantamento de votos na Câmara entre 2004 e 2012 feito pela Arko Advice, é só fazer as contas para concluir que, quando compareceram às votações, os quatro deputados apoiaram o governo em 93% delas.
– De 448 votações no período, Negromonte seguiu os interesses do governo em 191 e os contrariou 16 vezes. Ele votou pela obstrução em uma ocasião e faltou em outras 240;
– Entre 492 votações, Pizzolatti apoiou o governo 211 vezes, foi contra em 19 e nunca votou em obstrução. O catarinense não compareceu a 262 votações;
– Ex-presidente do PP, Pedro Corrêa passou por 14 votações e nunca votou contra o governo: seguiu as orientações dez vezes faltou em quatro ocasiões;
– Nelson Meurer, o mais fiel, teve 531 votações na Câmara. Ficou ao lado do Planalto em 441 delas e foi contra seus interesses em 24. O paranaense votou em obstrução uma vez e teve 65 faltas.
Sem mesada e a perigo de perder o Ministério da Integração Nacional para o PMDB (Leia mais aqui), a dúvida é para onde vai o já rachado PP. Isso, é claro, se o partido não for de fato nocauteado pela Lava-Jato. Já tem pepista sentenciando que “não há dúvida que o PP acabou”.