Ativistas juntam R$ 50 mil em vaquinha por jovem que furtou carnes no Rio
Justiça determinou que mãe solo de menino de oito meses pagasse 500 reais pelo crime; aos 19 anos, ela roubou para pagar o aluguel de um quarto
Com o avanço da fome no país, têm sido recorrentes no noticiário os casos de furto de alimentos em supermercados. Também têm sido frequentes as decisões judiciais insensatas que punem com rigor excessivo pessoas em situação de vulnerabilidade pegas roubando comida, como se a fome, por si só, já não fosse fardo demasiadamente pesado. No final do mês passado, a falta de humanidade ficou escancarada no caso de uma mãe de cinco filhos que teve sua liberdade negada pela Justiça de São Paulo por furtar uma Coca-Cola, dois Miojos e um pacote de suco Tang.
Um outro caso também chamou a atenção no Rio de Janeiro. No início do ano, Paloma da Silva Santos, de 19 anos, foi detida furtando carnes de um supermercado na zona norte da capital. A ideia seria revender parte dos produtos para conseguir pagar o aluguel do quarto na favela de Manguinhos, onde cria sozinha o filho de oito meses de idade. A Justiça do Rio determinou no início do mês que Paloma deveria pagar 500 reais em cinco parcelas a título de acordo para que a denúncia não avançasse, novamente como se o drama da mãe solo desempregada e sem dinheiro para alimentos e moradia já não fosse agudo o suficiente.
A sorte da jovem– se é que dá para dizer que alguém nessa situação tem algum tipo de “sorte”– foi que militantes dos direitos humanos levantaram uma vaquinha virtual para ajudá-la com a dívida. Em menos de uma semana a vaquinha atingiu 50.000 reais, segundo o advogado e ativista pelos direitos das populações negras e de favela Joel Luiz Costa. Ele afirmou que além de quitar seu débito com a Justiça, Paloma disse que pretende comprar uma casa com o dinheiro arrecadado.