A insatisfação de Dino com a articulação do governo no caso das emendas
Ministro virou alvo da classe política por exigir regras de transparência no uso de dinheiro público

Desde que decidiu comprar briga, no STF, para garantir transparência aos pagamentos de emendas parlamentares no Congresso, o ministro Flávio Dino virou alvo de políticos de diferentes partidos.
Dino chegou a suspender o pagamento de emendas até que o Parlamento reformulasse as regras de controle e destinação de verbas aos municípios e governos estaduais. Recentemente, ele liberou os repasses a partir de determinadas condições que irritaram os políticos.
O fato de ter sido ministro de Lula, passou a ser citado para desqualificar as ações do magistrado, como se a exigência de rigor nos pagamentos fosse uma manobra para beneficiar o Planalto na disputa com o Legislativo pelo orçamento das emendas.
Para colegas de Dino no STF, essa narrativa só ganhou corpo por causa da incapacidade do governo de articular politicamente no Congresso e exigir boas práticas na organização das emendas. O próprio Dino, segundo um ministro ouvido pelo Radar, estaria insatisfeito com essa situação. “O Planalto evita briga com o (Arthur) Lira e deixa o Dino na fogueira”, diz esse ministro.
A avaliação, no STF, é de que ninguém quer prestar contas da verba que jorrou pelas emendas. “Se comprovar o destino final desse dinheiro, muita gente vai ficar exposta, no governo e na oposição”, diz um ministro do STF.