19/11/2007 – 23/11/2007

A Aneel anuncia daqui a pouco a lista dos interessados no leilão de energia da hidrelétrica Santo Antônio, no dia 10 de dezembro. É coisa de gente grande – um negócio de 9,5 bilhões de dólares. São cinco os consórcios: o Madeira Energia (Odebrecht, Andrade Gutierrez, Cemig, Furnas e bancos Banif e Santander); o Cesb (Suez e Eletrosul); o Ceisa (Camargo Corrêa, Chesf, CPFL e Endesa); o Norte Energia (Alupar, Schain e UTC); e a Eletronorte. Será uma briga de foice pela usina que, a partir de 2012, entrará em operação com  suas 44 turbinas. Causou surpresa no mercado a decisão da Eletronorte de ter entrado sozinha.

Um senador petista que prefere o anonimato acha que a substituição de Walfrido dos Mares Guia por José Múcio melhora a posição do governo na Câmara – Múcio conhece mais os deputados de primeiro mandato e transita melhor por ali que Walfrido. Mas no Senado a troca de um pelo outro não mudou nada a espinhosa posição do governo.

Ontem, logo depois da reunião do conselho político, Lula convidou Michel Temer e Henrique Alves para permanecerem na sala. Avisou-os antecipadamente da saída de Walfrido dos Mares Guia, apelou para que se mobilizassem para a batalha da aprovação da CPMF no Senado. E, finalmente, disse ao presidente e ao líder do PMDB que fará todas as nomeações que estão pendentes. A mais reluzente delas é a diretoria internacional da Petrobras, desde o início do ano prometida ao partido, mas que Lula, habilmente, empurra com a barriga.

 

A Vale do Rio Doce anuncia daqui a pouco o fechamento de um acordo salarial inédito com seus funcionários: terá duração de dois anos e não de um ano, como é a praxe no Brasil. O reajuste total será de 14,49% e valerá para 2008 e 2009. É a primeira vez que uma empresa do porte da Vale negocia um acordo com os seus trabalhadores por um prazo maior que um ano – algo comum em países com economia estabilizada e de inflação baixa. Sinal que algo está mudando.

Aos mais próximos, José Sarney tem dito que não se conforma com as notícias sobre uma possível volta ao governo do seu afilhado político Silas Rondeau: “Cada vez que a imprensa diz que o Silas voltará para o ministério das Minas e Energia, o ministério público corre para indiciá-lo”.

O governador José Roberto Arruda fechou com Ricardo Teixeira um jogo da seleção brasileira em Brasília, em 2008. Será em agosto, contra a Suécia, para comemorar os 50 anos da conquista da primeira Copa do Mundo pelo Brasil. Antes, em 30 de março, as duas seleções enfrentam-se em Estocolmo.

No jogo no estádio Mané Garrincha, estarão todos os jogadores que estiveram na Suécia em 1958 – ou seus familiares, no caso dos que já tiverem morrido. 

Virá até o filho sueco de Garrincha, Ulf Lindberg, aquele que o ponta-direita fez durante uma excursão do Botafogo, em 1959, ao driblar a vigilância e cair na farra com uma camareira do hotel em que o time se hospedava.

Entre uns poucos assessores, Lula admite que foi longe demais em sua já célebre defesa de Hugo Chávez na semana passada. Mas nem pensa em tentar consertar a sua desastrada fala.

A propósito, ao ser alertado de que choveriam críticas, um dos ministros de Lula comentou logo depois da fala da semana passada: “Deixa, deixa a direita se divertir um pouco…”.

Os advogados da Ocean Air e da BRA, ou seja, de German Effromovich e dos irmãos Folegatti, estão reunidos desde às 14 horas em São Paulo. Apesar das idas e vindas, será feita a rendição da BRA – ou seja, pelo documento que será assinado o controlador da BRA reconhece que procurou a Ocean Air e pediu que o acordo fosse selado. E, mais importante, não reivindicará nada da Ocean Air mais tarde. O acordo em questão é o que está fazendo a Ocean Air assumir os 70 000 bilhetes vendidos e não honrados pela BRA.

Numa outra ponta, German Efromovich está na Europa negociando o leasing dos onze aviões da BRA. Segundo disse internamente na sua empresa, espera que até segunda-feira tenha fechado a maioria desses leasings.

Michel Temer e Henrique Alves, respectivamente o presidente e o líder do PMDB, têm uma audiência marcada hoje com Lula. Vão cobrar novamente uma fatura que Lula tem empurrado com a barriga há meses: a diretoria internacional da Petrobras.

Ainda é um nicho miúdo se comparado ao ramo de automóveis, mas de janeiro a setembro aumentou em 50% a contratação de seguros de riscos financeiros, numa comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo um levantamento inédito do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo, foi, de longe, o ramo que mais cresceu: faturou 283 milhões de reais. A apólice de seguros de riscos financeiros garante que todas as cláusulas de um contrato sejam executadas.

Eis que no domingo passado, o operador do mensalão, Marcos Valério, bateu no hospital municipal de Sete Lagoas (MG) com o braço quebrado. Não foi de tanto contar dinheiro a causa do infortúnio do publicitário. Valério fraturou um dos braços por causa de uma queda de cavalo.

Valério caiu do cavalo na fazenda que comprou este ano em Caetanópolis, cidade vizinha de Sete Lagoas. Pagou 6 milhões de reais pela propriedade.

O governo já começa a aceitar o nome de Garibaldi Alves para presidir o Senado. Ou melhor, já começa a se dar conta de sua inevitabilidade.

Lula quer que Antonio Palocci seja o relator do projeto de reforma tributária que o governo enviará até o dia 30 à Câmara. Lula acha que o ex-ministro é a pessoa com melhor trânsito sobretudo entre os governadores, que fazem restrições ao projeto. Com José Serra, por exemplo, a relação é a melhor possível. Com Aécio, a mesma coisa. O centro da proposta do governo é a substituição do ICMS por um Imposto de Valor Agregado estadual (IVA). Além disso, surgirá um IVA federal que agrupará o Pis-Pasep, Cofins e a Cide. Palocci foi avisado do desejo do presidente ontem à noite.

Antonio Palocci continua sendo usado por Lula em diversas negociações encrencadas. Assim foi quando a CPMF estava encalacrada na Câmara, por exemplo. E será agora na reforma tributária. Palocci gosta da deferência, mas ainda quer manter-se afastado tanto quanto o possível dos holofotes. Acha que se brilhar muito, os adversários usarão o passado recente pode assombrá-lo novamente.

Ao fazer um breve discurso no jantar oferecido ontem em São Paulo por J.Hawilla para Ricardo Teixeira, José Serra aproveitou para fazer campanha. Não para 2010, mas para 2014. Para Serra, “a final da Copa deve ser no Maracanã; e São Paulo seria o palco ideal para a abertura”.

Aliás, José Serra e o prefeito Gilberto Kassab saíram mais cedo: foram à festa que o São Paulo promovia no Tom Brasil para comemorar o título brasileiro. O Kassab é são-paulino – estava em casa. Já Serra, palmeirense roxo, foi protocolarmente como governador.

Amor e Intrigas, a novela que a Record escalou para bater de frente com o Jornal Nacional, alcançou ontem, em seu capítulo de estréia, uma média de doze pontos no Ibope. Um resultado razoável para os padrões da emissora do bispo. No mesmo horário, a Globo cravou 35 pontos. A intenção declarada da Record é que a novela alcance 17 pontos de audiência. É uma média ousada. Assim como é ousada a escolha do protagonista da trama – Luciano Szafir, um ator que costuma ser o coadjuvante do coadjuvante nas novelas em que atua.

Franklin Martins anuncia na semana que vem os nomes dos quinze convidados para o conselho consultivo da TV Brasil. Nele, há uma salada humana: misturam-se desde Boni, ex-número 1 da Globo, ao rapper MV Bill, passando pelo empresário gaúcho José Antonio Martins, presidente da Marcopolo, fabricante de carrocerias. Martins é um craque no seu setor. Mas certamente entende muito de ônibus e nada de tevê ou mídia.  Franklin chamou também um professor que vive numa aldeia da Funai na Amazônia. Será o representante nas “nações indígenas” na TV Brasil. E, finalmente, outra surpresa: Maria da Penha Maia, a biofarmacêutica que durante seis anos foi espancada pelo marido e que batiza a lei, de 2006, que aumentou o rigor das punições contra aqueles que agridem mulheres.

O conselho terá vinte integrantes no total: a esses quinze convidados somam-se quatro ministros e um representante dos funcionários da TV Brasil. Na verdade, os nomes só não serão anunciados oficialmente esta semana porque um dos escolhidos voltou atrás e disse adeus ao conselho. Não resta dúvida: vão ser reuniões animadas. Um monte de gente que não entende de comunicação (excluindo-se uns poucos, como Boni) dando palpites sobre os rumos da tevê estatal.

A Vale-Santa Elisa, á segunda maior usina de açúcar a álcool do Brasil, abortou uma emissão de bônus no exterior. Motivo: os investidores acharam que o seu nível de endividamento de oito vezes o EBITDA (ou seja, os lucros antes dos juros, impostos, depreciação e  amortização) está muito alto.

A empresa foi, então, bater à porta do BNDES. O bancão avaliou o negócio e está fechando a compra de 7% a 10% da Santa Elisa. O BNDES vai pagar cerca de 140 dólares por tonelada de capacidade de produção, um recorde no setor.

O.k, as commodities não páram de se valorizar para a alegria dos setores agrícola, de mineração e siderúrgico, mas é preocupante a tendência do comércio bilateral Brasil-China. De janeiro a setembro, as exportações brasileiras cresceram 27% em comparação com o mesmo período do ano passado. Bateram 8,1 bilhões de dólares. Beleza, dirão alguns. Só que as importações ficaram 56% maiores neste mesmo período.

Assim, o prato chinês da balança pesou mais: no acumulado do ano, o superávit do chineses foi de 540 milhões de dólares. No mesmo período de 2006, o Brasil é quem ostentava um superávit – de 805 milhões de dólares.

O Brasil continua aumentando suas vendas de óleo de soja, fumo, ferro e aço. E diminuindo as exportações de máquinas e componentes de veículos. Mas nada de demonizar os chineses. É hora de abrir os olhos, ficar atento e tentar virar o jogo. Mas é importante não esquecer que estaríamos piores, muito piores, se eles não estivessem pujantes.

Na semana passada, quando o imbróglio judicial em torno da concorrência do primeiro lote da transposição do Rio São Francisco esquentou, o ministro Geddel Vieira Lima foi a Casa Civil e detalhou o problema para Dilma Rousseff.

Conforme publicado pela versão impressa do Radar na edição de VEJA que está nas bancas, dois consórcios inabilitados pelo ministério da Integração Nacional conseguiram na Justiça paralisar a concorrência. O vencedor virtual da licitação seria a Odebrecht, que apresentou uma proposta de 275 milhões de reais, 36 milhões de reais a mais do que o oferecido por um consórcio inabilitado. Os valores das propostas tornaram-se públicos por força de uma liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal de Brasília.

A quem lhe pergunta sobre o assunto, Geddel faz questão de dizer que a concorrência dos quatorze lotes da transposição foi toda modelada pelo seu antecessor – Ciro Gomes – e aprovada pelo TCU. Ele só está executando

A Fundação Rubem Berta – antiga controladora da Varig, mas ainda dona de hotéis e da Sata – perdeu na semana passada um litígio judicial de 2 milhões de reais. Um tribunal arbitral bateu o martelo em favor dos ex-executivos da Varig David Zylbersztajn, Eleazar de Carvalho, Marcos Azambuja e Omar Carneiro. O quarteto cobrava da FRB esta quantia, referente à indenização a que teriam direito quando foram dispensados do comando da companhia de aviação. Não cabe recurso. O problema agora é a Rubem Berta botar a mão no bolso…

Carlos Jereissati continua trabalhando nos bastidores contra a fusão da Telemar/Oi e a Brasil Telecom. Mas a parada é dura: tem contra ele o governo, os sindicalistas do PT, os fundos de pensão estatais (Previ e Petros) e o seu sócio na Telemar, Sérgio Andrade.

Cristina Kirchner trouxe uma extensa bagagem para o encontro de daqui a pouco com Lula, em Brasília. Com ela veio uma comitiva de 20 pessoas. Dessas, dez são de primeiro escalão.

A economista Solange Paiva Vieira volta ao batente amanhã no Ministério da Defesa, depois de duas semanas de lua-de-mel. E daí? Daí que Nelson Jobim enviará o nome de Solange ao Senado ainda esta semana, indicando-a para a presidência da complicada Anac.

Um alerta será feito aos pais durante o 2º Congresso Internacional de Controle de Câncer, que o Inca promove no Rio de Janeiro no final do mês: o tempo do banho de sol dos bebês deve ser radicalmente encurtado. Um dos trabalhos apresentados apontará que dois minutos diários de exposição do bebê ao sol são suficientes para que o organismo da criança sintetize a vitamina D, que previne o raquitismo.

Durante anos, o banho de sol mais prolongado foi estimulado justamente como forma de prevenir o raquitismo, que causa enfraquecimento dos ossos. Só que os especialistas acham que os pais andam exagerando na dose. Sabe-se que crianças se expõe três vezes mais ao sol do que os adultos e que 70% das radiações responsáveis por câncer de pele ao longo da vida foram recebidas na infância. Em se tratando de país tropical, com o verão batendo à porta, o alerta vai dar o que falar.

A TAM está fechando um acordo de compartilhamento de vôos com a Lufthansa. A empresa já tem code-share com a LAN, British, Delta e Air France.

Sabe-se lá porquê, talvez por alguma questão regional, mas a Air France informou à TAM que o code-share com a companhia alemã não a agrada. E ameaçou romper o seu acordo com os brasileiros, se o compartilhamento com a Lufthansa for mesmo sacramentado.