A inflação nos dois dígitos diminuiu o poder de compra dos brasileiros e obrigou os supermercados a diminuir as opções nas prateleiras para evitar o prejuízo. O índice de ruptura calculado pela Neogrid, uma empresa especializada em soluções para a cadeia de suprimentos, em parceria com 40 mil lojas no Brasil, foi de 11,7% em dezembro, ou seja, a cada 100 itens que o consumidor procurou nos supermercados, 11,7 não foram encontrados. Em setembro, essa parcela era de 10,8%. “O varejista olha esse dado como um sinal de desaceleração da economia. Se ele comprava determinado produto em volume maior, passa a estocar menos para evitar que aquele item encalhe”, diz Robson Munhoz, diretor da Neogrid. “Não é um sinal de que falte alimento, mas falta opção. O consumidor começa a perceber que nem todas as marcas de leite estão disponíveis, por exemplo. Não faz sentido para o varejista ter cinco ou seis marcas de leite se ele não tem demanda para isso, o mesmo vale para cervejas”, diz o executivo. A empresa estima que os supermercados mantenham a cautela em 2022. Se em 2020 as prateleiras esvaziadas davam sinais de aquecimento da economia, em 2021 elas escancararam a queda vertiginosa do poder de compra da população.
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