Fundada em 1952, a Lojas Cem parece desafiar os prognósticos de especialistas do varejo. Mesmo sem uma plataforma de e-commerce, algo visto como crucial para que seus concorrentes Magazine Luiza e Via Varejo (dona das Casas Bahia) superassem o período restritivo por conta da pandemia de Covid-19, a varejista de eletroeletrônicos e móveis manteve um ótimo desempenho. Com receita zerada por ao menos 70 dias no ano, a tradicional varejista encerrou 2020 com faturamento bruto aproximado de 5,4 bilhões de reais, desempenho em linha com o ano anterior. A expectativa é que o patamar do lucro (que foi 343 milhões de reais em 2019) também se mantenha.
“Nós fechamos praticamente todas as lojas. Ficamos sem faturamento algum em determinado período do ano. Além de não termos o e-commerce, 70% das nossas vendas são feitas no crediário. E esse carnê só pode ser pago nas nossas lojas. Não pode ser pago em lotéricas ou em bancos. Então, além de não vender, ficamos sem receber parcelas de produtos que já haviam sido comprados pelos consumidores”, explica José Domingos Alves, supervisor-geral da Lojas Cem. Com 12.130 funcionários, a varejista teve de aplicar as medidas de proteção ao emprego engendradas pelo governo durante a pandemia. Pelo programa, enquanto arcava com 50% dos salários dos trabalhadores, a outra metade dos desencargos trabalhistas era efetuada pelo governo.
Mesmo com a incerteza provocada pela pandemia, a varejista mantém a sua estratégia de expansão. Em 2020, estavam previstas 10 novas unidades, sendo que seis projetos saíram do papel — as quatro lojas restantes serão inauguradas até o fim do primeiro trimestre. Segundo o executivo, a falta de materiais de construção no fim do ano foi um fator preponderante para o adiamento de algumas aberturas. Para 2021, a expectativa da companhia é inaugurar cerca de 14 estabelecimentos. Cada unidade tem 1,4 mil metros quadrados e demanda investimento de aproximadamente 8 milhões de reais. Um novo centro de distribuição localizado em Salto (SP), onde fica a sede da companhia, está em fase final de construção. A unidade demandou aporte de 150 milhões de reais.
O segredo para o sucesso? Investir no ponto de venda. “Nós estamos avaliando muito a entrada no e-commerce. Mas não queremos cometer os mesmos erros dos nossos concorrentes, embora eu respeite muito eles. Temos um formato diferente. Um jeito de pensar diferente”, afirma Domingos Alves. Não há data estipulada para a transição. A empresa adquiriu, em agosto de 2020, o sistema de gestão tecnológica da SAP, que está apoiando soluções de CRM e gestão da experiência do cliente, além de preparar o terreno para a entrada da varejista no âmbito virtual.
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