Poucas estatais no país possuem tantos lotes políticos e tão definidos como a Eletrobras. A Chesf, geradora do vale do São Francisco, é comandada historicamente por políticos do Nordeste. Furnas, por Minas Gerais. E a Eletronorte, pela bancada do Norte no Senado. Essa, inclusive, foi criticada publicamente pelo presidente demissionário Wilson Ferreira Jr., na segunda-feira, 25, por ter atrapalhado os planos de privatização da controladora Eletrobras. Pois estes grupos políticos veem na saída de Ferreira a chance de ampliarem suas influências na companhia. Esperam, para isso, a eleição para as presidências da Câmara e do Senado.
A saída de Ferreira, embora tenha pego os investidores de surpresa, foi planejada e pensada para que, já na segunda, os conselheiros emplacassem o nome do presidente do conselho, Ruy Flaks Schneider. A briga de poder nas casas legislativas poderia abrir uma brecha para que o loteamento da estatal não fosse refeito. Foram barrados pelo Palácio do Planalto.
Mas engana-se quem acredita que, se o Planalto não tivesse intervindo, isso livraria a empresa da influência política. Na verdade, o Palácio do Planalto viu na manobra algo que beneficiaria em muito o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado e pai do ex-ministro de Minas e Energia Fernando Bezerra Filho, antecessor de Bento Albuquerque na pasta. Há quem diga que foi uma manobra ousada e hostil. Assim, ministros palacianos preferiram esperar as eleições.
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