A Netflix já deixou há muito tempo aquela condição de companhia de tecnologia com alto crescimento e prejuízo. Lá nos Estados Unidos, é considerada uma das cinco Big Techs, ao lado de Amazon, Apple, Facebook e Google. E seu balanço fez jus a essa condição: lucro de 790 milhões de dólares no terceiro trimestre, com uma margem brutal de 20% e crescimento invejável de 23% sobre o mesmo período do ano anterior. É fato que a pandemia ajudou muito a companhia, afinal, com tantas restrições, maratonar séries e filmes virou padrão.
Contudo, a big tech tem um problemão para resolver no Brasil — e na América Latina em geral. A base de usuários cresce, mas as receitas caem. Isso acontece por conta da grande desvalorização cambial da região — em especial Brasil e Argentina. Para piorar, a Netflix está subindo os preços nos Estados Unidos, para impulsionar ainda mais suas receitas. Sem repetir movimento no Brasil, o custo de uma assinatura é menos do que a metade do lá de fora. Um levantamento feito pela QR Capital, uma empresa de tecnologia financeira, aponta que o pacote básico no Brasil, de 21,90 reais, é menos da metade do que é cobrado nos EUA (51 reais, na conversão do dólar de hoje). O pacote padrão custa 32,90 reais no Brasil, mas 79,80 reais nos EUA. E no premium, fica 45,90 reais por aqui e 102 reais por lá.
Fechar essa distância vai ser um desafio enorme para o time da Netflix no Brasil, caso queiram manter o crescimento da sua base de usuários. A última vez que a Netflix elevou os preços no país foi em março do ano passado.
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