Nesta segunda-feira, 1º, a Casa da Moeda do Brasil (CMB) enviou seu balanço ao Ministério da Economia. Ao observar as finanças da estatal responsável pela emissão de papel moeda, é possível entender algumas situações da economia do país. O governo federal pagou 785,9 milhões de reais pela impressão de cédulas de reais em 2020, um aumento de 10,8% em relação ao ano passado. A diferença se dá porque a Casa da Moeda teve de aumentar o ritmo de produção de notas. Imaginava-se que a criação das cédulas de 200 reais pudesse mitigar isso, mas não adiantou. Ou seja, é possível cravar que nunca o Brasil emitiu tanto dinheiro quanto em 2020.
As finanças de outro país também ficam um pouco mais transparentes ao observar o balanço da CMB. A Argentina, usual cliente da estatal brasileira em tempos de crise. Em 2020, o governo argentino pagou pouco mais de 33,1 milhões de reais pela emissão de pesos, que seriam exportados de volta a Buenos Aires. No ano anterior, a Argentina não requisitou os serviços da Casa da Moeda do Brasil.
À título de curiosidade, a CMB fechou o ano com um prejuízo recorde: 197 milhões de reais. No ano anterior, o rombo foi de 86,8 milhões de reais.
A Casa da Moeda enviou uma nota ao Radar Econômico, a qual você lê abaixo, na íntegra:
Em relação à matéria “Mesmo com nota de R$ 200, custo de imprimir dinheiro sobe 10% em 2020”, publicada em 02.03.2021, cumpre à Casa da Moeda do Brasil (CMB) prestar os seguintes esclarecimentos:
- As demonstrações financeiras de 2020 ainda não foram submetidas à Assembleia Geral Ordinária e, portanto, os números e documentos mencionados são provisórios;
- A afirmação de que o Governo Federal pagou 785,9 milhões de reais pela impressão de cédulas de reais em 2020, assim como os percentuais de variação de cédulas em relação a 2019, estão equivocados. O faturamento com cédulas nacionais em 2020 foi de 536,2 milhões de reais. Ressalte-se que os valores das vendas de produtos no mercado interno abrangem cédulas, moedas, medalhas e selos postais e físicos;
- A CMB possui longa e sólida tradição de resultados positivos e distribuição de dividendos. Os prejuízos observados nos anos de 2019 e 2020 decorrem integralmente de baixas contábeis associadas à descontinuidade de produtos e serviços anteriormente contratados, com destaque para a suspensão do controle de bebidas ocorrido em 2016. Tais ajustes foram registrados como provisão de perdas por créditos de liquidação duvidosa e portanto, o resultado desses exercícios não reflete fielmente o desempenho das atividades finalísticas.
- Tão logo as demonstrações sejam aprovadas pela assembleia, maiores detalhes sobre os ajustes serão apresentados em nota pública.
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