Um ricaço, bebendo champanhe, recebe na varanda da sua casa o primo pobre, caracterizado como um entregador de aplicativo. Na conversa, o ricaço diz que não paga mais pela energia porque comprou placas solares caras, mas que o primo estava pagando essa conta por ele. Este é o roteiro básico de um vídeo superproduzido que está circulando pelo WhatsApp e que mostra como está o termômetro da guerra do sol que rola nos bastidores de um projeto de lei que está para ser analisado no Congresso Nacional. Na próxima semana, existe a expectativa de que o deputado Lafayette Andrada (Republicanos) paute a votação do PL da geração distribuída que vai transformar em lei as regras da energia solar e define que tipos de descontos e que taxas serão pagas para quem gera sua própria energia.
De um lado da batalha está a turma dos fabricantes de placas solares: “não se pode taxar o sol”. A ideia do slogan é convencer de que quem instala placas solares está usando o sol, um bem gratuito a todos, e não pode pagar encargos que estão na conta de quem usa outro tipo de energia. A Associação do setor garante que o uso atual da energia solar dá retorno ao sistema, como tirar carga dos horários de picos, sem causar qualquer prejuízo a outros consumidores. Do outro lado da disputa, estão as distribuidoras de energia, a grande indústria e o Idec: “os mais pobres estão pagando a conta de luz dos mais ricos”. Eles argumentam que os subsídios para a energia solar têm encarecido em 2,5 bilhões de reais por ano a conta de energia de todos os outros consumidores, enquanto os fabricantes e comercializadores embolsa taxas de retorno de 30%.