O EWZ, como é conhecido o principal ETF de ações brasileiras listado em Nova York, está na pior colocação em uma lista com 45 ETFs globais, segundo levantamento da consultoria Creative Planning. Um ETF é um fundo que replica um índice de mercado e tem suas cotas negociadas em ambiente de bolsa de valores — o EWZ, ou iShares MSCI Brazil, é o fundo de índice mais líquido ligado a ações do Brasil no mercado americano, equivalente ao “Ibovespa em dólar”.
Segundo o levantamento, o EWZ, com uma perda acumulada em 2024 de 11,7% até o dia 22, está atrás de diversos outros ETFs ligados a países emergentes, como México, Vietnã, Chile, África do Sul, Argentina, Colômbia, Peru, Polônia, Índia e China. Também está atrás de diversos ETFs de mercados desenvolvidos, como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Áustria, França, Espanha, Noruega, Austrália e Canadá.
A posição ruim do Brasil perante outros ativos globais é resultado, de um lado, de problemas internos e, de outro, da menor demanda de estrangeiros por alguns mercados emergentes, na esteira da política monetária apertada nos Estados Unidos — com o juro nos maiores patamares em mais de duas décadas na maior economia do mundo, o investidor global não tem estímulo para aceitar mais risco em ativos emergentes, preferindo a renda fixa americana.
No entanto, os problemas para o posicionamento do Brasil globalmente também estão ligados ao fato de que o país não oferece diferenciais positivos para atrair maior demanda de investidores locais e internacionais. Segundo analistas, a agenda do Brasil deveria manter foco em retomar o grau de investimento, para atrair hedge funds estrangeiros que só podem investir em países reconhecidos como bons pagadores pelas agências de classificação de risco.
Além disso, especialistas citam a necessidade do país de mostrar ao mercado que vem contendo despesas, com menos intervenção na economia, menos aumento de impostos, mais apoio aos empresários e mais segurança jurídica. O Brasil também anda na contramão do mundo ao oferecer menos segurança nas estatais e ao se envolver em ingerências, como ocorreu na Petrobras nos últimos meses, até culminar na troca de CEO.