O banco americano Silicon Valley Bank (SVB), considerado o banco das startups e das empresas de tecnologia, foi fechado e tomado por reguladores federais na última sexta-feira, 10. O mesmo aconteceu com o Signature Bank no último domingo, 12. Apenas o SVB detinha cerca de 200 bilhões de dólares em depósitos. Uma das razões para a quebra das instituições é o aumento nas taxas de juros americanas. Os custos de empréstimos subiram significativamente nos últimos dois anos e minaram o ímpeto das ações de tecnologia ligados aos bancos, além de terem corroído o valor dos títulos de longo prazo que esses bancos detinham. O governo americano e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) agiram rápido e garantiram os depósitos de até 250 mil dólares, assim como já anunciaram um “programa de financiamento” de 25 bilhões de dólares. Uma reunião está marcada para esta segunda-feira, 13, com o objetivo de aprofundar o tema.
As bolsas de valores amanheceram o dia em baixa, mas longe de um desastre ou algo que lembre a gravíssima crise financeira de 2008. Os bancos têm hoje uma regulação muito mais restritiva, a níveis globais, que torna o sistema financeiro mais seguro do que em 2008. Os níveis de alavancagem são menores e as regulações de empréstimos também são mais duras. Apesar de não ser à prova de falências, o sistema é mais robusto. Alguns analistas debatem que a quebra das duas instituições americanas pode fazer com que o Fed seja mais frouxo nas altas de juros dos EUA, política que também pode ser seguida pelo Banco Central do Brasil. Ou seja, a probabilidade de cortes nas taxas de juros brasileiras aumentou depois do episódio. A razão por trás desse movimento não poderia ser pior, mas o evento aceleraria os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de cortar os juros no Brasil.
O monitor em tempo real FedWatch, que mede a temperatura do mercado a respeito da política do Fed, teve uma súbita mudança no fim de semana. A probabilidade de um aumento de 0,5 ponto percentual nos juros americanos era de quase 80% na semana passada. Hoje, tal possibilidade sequer é levada em conta pelos investidores. A probabilidade de um aumento de 0,25 ponto percentual é de 70%, enquanto as chances do Fed não subir os juros são de 30%. “Caso a crise nos bancos regionais americanos force o Fed a ter uma postura mais frouxa em relação à taxa de juros, como está sendo precificado no mercado, isso pode abrir espaço para o Copom também cortar juros em algum momento este ano“, avaliam os analistas da XP Investimentos em relatório enviado a clientes. Caso o ciclo de afrouxamento dos juros aconteça, isso deve ajudar os ativos brasileiros, como a Bolsa, e os títulos pré-fixados.
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