Se tem uma coisa que o presidente Jair Bolsonaro precisa para enfrentar as eleições de 2022 é de muita reza, dança da chuva, o Cacique Cobra Coral, drones que dão choque em nuvens, qualquer coisa que faça chover quando começar o período chuvoso em novembro. Se não chover, e não chover muito no Sudeste no verão do ano que vem, o risco de o país atravessar um racionamento e apagões de energia durante as campanhas eleitorais crescem exponencialmente. O calendário do período seco vai de abril a outubro.
Gente que entende muito do setor de energia elétrica, como Sidney Simonaggio, ex-diretor de operação da distribuidora Enel e que hoje atua como consultor na Certeza Técnica, explica que apesar da gravidade da situação hídrica neste ano, o Brasil vai conseguir chegar ao período chuvoso com oferta de energia. No talo, mas vai conseguir. O encontro com o diabo, segundo ele, vai ser em abril de 2022. É só em abril que o país vai saber como estarão os reservatórios das usinas hidrelétricas para atravessar o período seco. Se estiverem abaixo do que estavam em abril deste ano, com aumento de consumo de energia por conta da economia, o país não conseguirá chegar ao período chuvoso de 2022 sem fazer racionamento ou cortes de fornecimento, segundo Simonaggio. Por isso, só o que pode salvar é um volume de chuvas generosas. Por generosas, entenda-se, chuvas com uma média de longo termo de 120%. Nos últimos dois anos, o país tem rodado na média em torno de 40% a 60%. Uma alternativa para o governo seria antecipar medidas mais restritivas para amenizar medidas no próximo ano. “Quanto mais se atrasa uma medida restritiva, mais profunda ela será”.