Bolsa fecha semana no vermelho mesmo após corte arrojado nos juros
Conjunto de fatores internos e externos frustram expectativa de alta do Ibovespa; estatais têm destaque nos últimos dias
VEJA Mercado | Fechamento da semana | 31 de julho a 4 de agosto
Após três anos num ciclo contracionista, o Banco Central (BC) surpreendeu parte do mercado ao cortar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, levando-a a 13,25% ao ano. Agora em guinada de baixa, a expectativa é por mais cortes dessa magnitude ao longo do ano, movimento que beneficia o mercado de ações. Havia a expectativa de que a deliberação do Comitê de Política Monetária do BC, o Copom, seria seguida por um rali na B3, a bolsa de valores brasileira. Não se concretizou. Nos dois pregões após o corte nos juros, o Ibovespa — principal índice do mercado — operou em baixa, acumulando variação de -0,57% na semana que poderia ser de festa para os investidores.
Um conjunto de acontecimentos freou a bolsa brasileira, entre os quais destacaram-se dados fracos de geração de emprego nos Estados Unidos, o último balanço trimestral da Petrobras e temores sobre o Bradesco. A estatal — empresa mais relevante para o Ibovespa — registrou queda de 47% no lucro do semestre em comparação com o do ano anterior, o que levou seus papéis a uma baixa de 3% nos dias que sucederam a queda dos juros. Por sua vez, o Bradesco teve lucro quase 36% inferior no mesmo recorte temporal, além de se manter num cenário de inadimplência elevada. Os papéis do banco caíram 8,58% desde a deliberação positiva do Copom.
Para a Petrobras, a última semana não foi apenas de lamentos. Na segunda-feira, 31, a empresa surpreendeu positivamente ao detalhar mudanças em sua política de distribuição de dividendos. A empresa partilhava 60% de um montante (o fluxo de caixa operacional (FCO) menos os investimentos) a seus acionistas. Agora, o percentual será de 45% — inferior, porém acima do esperado por parte do mercado. A maior parte do desenho da política foi mantido, ainda baseado em fluxo de caixa e incluindo pagamentos mínimos trimestrais, o que agrada os investidores. No dia do anúncio, os papéis da estatal subiram cerca de 1,5%.
Outra estatal chamou a atenção do mercado nos últimos dias. O governo do estado de São Paulo revelou que a privatização da Sabesp vai ocorrer através da venda de parte das ações detidas pelo estado. Entretanto, o anúncio teve efeito inesperado, provocando uma queda de mais de 4% nas ações da companhia. A razão é a carência de detalhes (não se sabe o tamanho da participação acionária a ser vendida e qual comprador o governo deve escolher), além da apreensão quanto à chance do processo ser concluído antes das eleições municipais de 2024, visto que envolve negociações com municípios do estado. Em entrevista ao Radar Econômico, o presidente da Sabesp, André Salcedo, sinalizou que detalhes sobre a venda podem ser definidos apenas em 2024.
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