No mesmo dia em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a reoneração do diesel terá início em 1º de janeiro de 2024, a Petrobras anunciou um corte no preço do combustível praticado pela companhia, esse já em vigor desde quarta-feira, 27. Com isso, acrescenta-se R$ 0,30 em tributos e, com a calibragem da estatal, outros R$ 0,30 são reduzidos. Dada a coincidência, especialistas como o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, enxergam um movimento coordenado entre o governo federal e a empresa, mas pontuando que não é possível apontar o corte promovido pela Petrobras como uma simples ação política.
“Essa redução do diesel não pode ser acusada de ser política porque o preço do petróleo realmente tem caído, então havia espaço para reduzir o preço do diesel. (A Petrobras) deu sorte. Obviamente a sorte favoreceu para que a Petrobras tentasse evitar que a reoneração do PIS/Cofins vá para a bomba”, diz Pires. Por conta da depreciação do petróleo em escala global, o corte no preço do diesel já era esperado, mas chama a atenção a Petrobras não ter feito o mesmo com a gasolina, também derivada do petróleo. Para o diretor do CBIE, não há uma explicação aparente para essa escolha.
Ao anunciar a reoneração do diesel, Haddad enfatizou que os distribuidores do combustível não terão motivo para aumentar seus preços por conta do corte anunciado pela Petrobras horas antes. “Em tese, esse raciocínio está certo, mas o mercado é livre então essa possibilidade (de aumento por parte dos distribuidores apesar do corte) existe mesmo sem essa razão numérica”, diz Pires, que lembra as desvantagens políticas de um aumento no preço do diesel. “Piora a popularidade do governo, inclusive tendo um impacto expressivo na inflação, dado que o transporte de cargas no Brasil é rodoviário, movido a diesel”, diz.
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