Assine VEJA por R$2,00/semana
Radar Econômico Por Pedro Gil (interino) Análises e bastidores exclusivos sobre o mundo dos negócios e das finanças. Com Diego Gimenes e Felipe Erlich
Continua após publicidade

A resposta da Febraban sobre a decisão do CMN de limitar juros do rotativo

Segundo a federação dos bancos, as causas dos juros elevados não foram solucionadas com a limitação da cobrança a 100% ao ano anunciada na quinta-feira

Por Larissa Quintino Atualizado em 22 dez 2023, 17h54 - Publicado em 22 dez 2023, 12h12
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou nota nesta sexta-feira, 22, considerando que a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de definir um teto para os juros do sistema rotativo do cartão de crédito é uma “solução temporária” que não resolve o problema das taxas elevadas. O CMN decidiu na quinta-feira, dia 21, que o limite dos juros será de 100% ao ano sobre o valor da dívida rolada no crédito rotativo. Nas palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o consumidor “não poderá pagar de juros mais que o valor de sua dívida”. Atualmente, os juros dessa modalidade de crédito ultrapassam 400% ao ano. 

    Publicidade

    Na nota, a Febraban reforça sua posição de que “as causas dos elevados juros do rotativo não foram estruturalmente solucionadas, o que impacta diretamente os consumidores que precisam dessa linha de crédito”. E continua: “Por isso, entendemos como temporária a solução atual e, por não resolver a causa-raiz, os juros se manterão ainda em patamar elevado, prejudicando o comércio e aqueles que mais precisam de crédito para consumir”.

    Publicidade

    Para dar ideia da importância desse sistema de financiamento, os cartões de crédito no Brasil movimentam cerca de 2 trilhões de reais por ano, o que equivale a 21% do produto interno bruto. Esse meio de pagamento responde por 40% do consumo das famílias brasileiras. O uso do rotativo, com juros, representa 3% do crédito das pessoas físicas. Em média, os clientes ficam 18 dias pagando o rotativo, segundo levantamento da Febraban. Por isso, na perspectiva da federação, as taxas de mais de 400% são teóricas e nunca são de fato aplicadas.

    A decisão do CMN regulamenta uma lei aprovada pelo Congresso Nacional em outubro no âmbito do programa Desenrola, criado para ajudar devedores a resolver suas pendências de pagamento. O setor financeiro tinha até meados de dezembro para enviar propostas de autorregulação. De acordo com o jornal Valor Econômico, as propostas da Febraban foram rejeitadas pelo CMN por estar em desacordo com a lei. 

    Publicidade

    A entidade representativa dos bancos também afirma que, passada essa primeira fase de implementação da lei do rotativo, prosseguirá nos debates com a sociedade, legisladores e reguladores, “buscando soluções para o reequilíbrio do principal instrumento de financiamento do consumo no Brasil, com maior transparência e uma efetiva e sustentável redução dos juros que beneficie especialmente a população de renda mais baixa.”

    Continua após a publicidade

    A Febraban e os bancos entraram em guerra contra as empresas de maquininhas de cartão de crédito. O setor bancário acusa algumas adquirentes — carteiras digitais e empresas de máquinas de cartão — de uma suposta cobrança de juros embutidos nos preços ao consumidor pagos ao comércio. Como mostrou o Radar Econômico, um levantamento feito pela entidade aponta que os juros cobrados pelas empresas de maquininhas dos consumidores e dos varejistas chegam a ultrapassar 100% ao ano, mas o risco que correm em contrapartida a esse ganho é o risco de os bancos emissores não honrarem o pagamento, ou seja, risco inexistente dado que os maiores emissores do Brasil são Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e outros bancões.

    Publicidade

    Na nota divulgada nesta sexta-feira, a Febraban pontifica ainda que participou ativamente das discussões sobre os juros do rotativo, apresentando ao regulador diagnósticos e propostas para um redesenho da dinâmica do produto. Além disso, diz que conseguiu revelar a “agenda oculta” de alguns elos da cadeia de cartão, que “agem de forma temerária e abusiva no financiamento do consumo, ao estimular a inadimplência e o superendividamento das famílias num círculo vicioso”.

    A seguir, a nota da Febraban na íntegra:

    Publicidade

    A Febraban participou ativamente das discussões sobre os juros do rotativo do cartão de crédito, apresentando ao regulador diagnósticos e propostas para um redesenho da dinâmica do produto.

    Continua após a publicidade

    Além disso, durante o processo, a Febraban conseguiu revelar a agenda oculta de alguns elos da cadeia de cartão, que agem de forma temerária e abusiva no financiamento do consumo, ao estimular a inadimplência e o superendividamento das famílias num círculo vicioso, e essa é uma pauta que continuará prioritária para o setor bancário.

    Publicidade

    A Febraban entende que a regulamentação do Conselho Monetário Nacional publicada na quinta-feira (21/12) disciplinou pontos cruciais para a correta aplicação da lei que limita os juros do rotativo, como a definição de: operação de crédito do rotativo e do financiamento da fatura; valor original da dívida; juros; encargos financeiros e o início da vigência do teto de juros.

    No entanto, a Febraban reforça sua posição de que as causas dos elevados juros do rotativo não foram estruturalmente solucionadas, o que impacta diretamente os consumidores que precisam dessa linha de crédito. Por isso, entendemos como temporária a solução atual e, por não resolver a causa raiz, os juros se manterão ainda em patamar elevado, prejudicando o comércio e aqueles que mais precisam de crédito para consumir.

    Passada essa primeira fase de implementação da lei do rotativo, a Febraban prosseguirá nos debates com a sociedade, legisladores e reguladores, buscando soluções para o reequilíbrio do principal instrumento de financiamento do consumo no Brasil, com maior transparência e uma efetiva e sustentável redução dos juros que beneficie especialmente a população de renda mais baixa.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.