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Por Trás dos Números

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Renato Meirelles é pai da Helena, acredita que a Terra é redonda, está à frente do Instituto Locomotiva e, neste espaço, interpreta os números muito além da planilha Excel
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Vini Jr.: Chegou a hora dos patrocinadores se tornarem antirracistas

Não basta ações de solidariedade. As marcas devem ter um compromisso público em combater qualquer tipo de discriminação no esporte

Por Renato Meirelles Atualizado em 24 Maio 2023, 12h38 - Publicado em 23 Maio 2023, 12h32

Nos últimos anos, testemunhamos um preocupante aumento nos casos de racismo no esporte. Embora cada novo caso seja acompanhado por uma onda de solidariedade, pouco tem sido feito para promover mudanças efetivas. O futebol, além de ser uma paixão que mobiliza milhões de pessoas, é também um negócio bilionário financiado por grandes marcas e canais de comunicação. Agora é o momento de mexer no que realmente pode acelerar o combate ao racismo: o bolso.

Uma solução promissora seria a formação de um grande pacto antirracista, uma carta compromisso assinada pelos patrocinadores do futebol, comprometendo-se a utilizar seu poder econômico para inibir os criminosos casos de preconceito nos estádios. Esse compromisso atende a uma demanda crescente dos consumidores, que acreditam que marcas que não se pronunciam em casos como o de Vini Jr. acabam sendo cúmplices por omissão. Listamos abaixo alguns itens que essa carta compromisso deveria conter:

Desmonetização de Times e Ligas Coniventes com a Discriminação: A força das marcas esportivas é inegável. Elas estão presentes nos momentos mais importantes do esporte, patrocinando clubes, atletas e eventos. Agora é o momento de direcionar essa influência para combater um dos males mais persistentes da sociedade. Ao assumir o compromisso de erradicar a discriminação racial, essas marcas enviarão uma mensagem clara de que estão ao lado da igualdade e da diversidade.

Compliance Antidiscriminatório: Para efetivamente combater o racismo, as marcas esportivas devem implementar políticas claras e rigorosas, prevendo punição e rescisão de contratos para todos os envolvidos direta ou indiretamente em atos discriminatórios. É necessário estabelecer códigos de conduta que proíbam qualquer forma de racismo, além de mecanismos de denúncia e investigação de incidentes discriminatórios. A transparência também desempenha um papel crucial, exigindo que as marcas sejam responsáveis por reportar regularmente suas ações, metas alcançadas e medidas implementadas.

Investimento em Programas Educacionais: A carta deve conter um compromisso com o investimento das marcas esportivas em programas educacionais. Esses programas têm o objetivo de conscientizar jogadores, torcedores, comunidades locais e escolas sobre a importância da igualdade e do combate ao racismo. Ao promover uma cultura de respeito e inclusão, essas iniciativas contribuirão para mudanças reais e duradouras nas atitudes e comportamentos.

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Campanhas Antidiscriminação: Outra exigência fundamental é a promoção de campanhas publicitárias e de marketing que combatam o racismo e promovam a diversidade. As marcas esportivas possuem um alcance significativo e podem usar essa influência para disseminar mensagens positivas, destacar histórias inspiradoras e enfatizar a importância do respeito às diferenças. Essas campanhas não apenas contribuirão para a conscientização, mas também inspirarão mudanças na mentalidade coletiva.

Pesquisas recentes do Instituto Locomotiva para a IO Diversidade revelam que a maioria dos consumidores valoriza marcas que defendem causas sociais e estão comprometidas com a igualdade. Ao se posicionarem contra o racismo, as marcas esportivas têm a oportunidade de estabelecer uma conexão mais profunda com o público e conquistar a fidelidade dos consumidores conscientes e engajados. O compromisso público das marcas patrocinadoras garante que o poder econômico dessas empresas será canalizado para promover a igualdade e a inclusão. É hora de unir forças, investir em programas educacionais, promover campanhas antidiscriminação, implementar políticas internas sólidas e prestar contas à sociedade. Juntos, podemos transformar os estádios em espaços verdadeiramente inclusivos, onde todos sejam respeitados independentemente da cor de sua pele.

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