Favela Holding: Vem de Madureira o maior negócio social do mundo
Ex-morador de rua, cria da Favela do Sapo, Celso Athayde ajudou a dar voz e poder às favelas e periferias do Brasil

Antes de tudo, tenho que confessar: este colunista considera um privilégio enorme conhecer de perto e acompanhar o trabalho e a trajetória de Celso Athayde, fundador da CUFA e da Favela Holding. Sorte ainda maior é, de alguma forma, contribuir para esse projeto através da nossa parceria no Data Favela – primeiro instituto de pesquisa especializado no entendimento e produção de dados das comunidades brasileiras.
Minha parceria com o Celso começou em 2013, quando lançamos o 1º Fórum Nova Favela Brasileira. Em 2014 veio o nosso livro “Um país chamado favela”. De lá para cá produzimos juntos mais de 150 estudos sobre este território. E quando digo juntos, é junto mesmo. Com a favela protagonizando e participando de todas as etapas das pesquisas: da elaboração dos questionários e roteiros até as análises finais.
Talvez alguns leitores não saibam, mas sou publicitário de formação. Ver a Favela Holding indicada ao Prêmio Caboré, o mais cobiçado do mercado publicitário, me deixa na obrigação de falar um pouco mais deste que é um dos mais ambiciosos projetos de empoderamento das favelas.
Com quase 60 anos de idade, Celso é um sujeito que contrariou todos os prognósticos de um país desigual como o nosso e hoje está à frente do grupo, que é formado por 27 empresas e gera empregabilidade e oportunidades em todo o País, mudando a referência de sucesso nas mais de 13 mil favelas do Brasil. São pouco mais de 17 milhões de moradores o que equivale ao quarto maior Estado da Federação. Entre os empreendimentos que fazem parte da holding estão a Digital Favela – plataforma que atua com microinfluenciadores digitais, a Favela Filmes – produtora cinematográfica, a Comunidade Door – empresa de outdoor comunitário, a empresa de logística FavelaLog, e a Favela On – empresa de wi-fi comunitário.
Durante a pandemia, a Favela Holding se tornou ainda mais essencial diante dos efeitos avassaladores da Covid-19. Celso negociou com o setor público e privado para conseguir mantimentos e arrecadou, entre 2020 e 2021, R$ 870 milhões em doações. A ajuda foi fundamental para lidar com a crise econômica. Não é à toa que o Celso foi chamado por muitos como o CEO da pandemia. Hoje, os planos de expansão englobam a abertura de capital nos próximos três anos e, assim, se tornar o primeiro IPO social do Brasil. Para a retomada da economia, precisamos reduzir urgentemente a distância entre a favela, o asfalto e o capital.
Este colunista e pesquisador nunca teve a pretensão de falar sobre as favelas, mas ajudar a favela a falar para o mundo. É isso que Celso e sua holding fazem. A indicação ao Prêmio Caboré é o reconhecimento de um trabalho que tem transformado a vida de milhares de pessoas. É fruto de uma busca incessante e inegociável por igualdade de oportunidade. Se você também acredita nisso, apoie essa indicação.