O Congresso Nacional terá que analisar a Medida Provisória que criou o programa Desenrola Brasil, que tem o objetivo de combater a inadimplência por meio da renegociação de dívidas de até R$ 5 mil e a retirar do cadastro os brasileiros endividados em até R$ 100. As projeções do Ministério da Fazenda são de que o programa comece a funcionar em julho e atenda cerca de 70 milhões de pessoas com renda mensal familiar de até dois salários mínimos.
O programa chega em boa hora. Com a inflação caindo e a perspectiva de queda dos juros, é importante colocar a população das classes C e D de volta na economia, acessando crédito. Não existe economia no mundo que cresça sem oferta de crédito.
Os brasileiros com menor faixa de renda ou que vivem da informalidade foram os que mais sofreram durante a pandemia de Covid-19. Muitos tomaram empréstimos quando estavam empregados ou com alguma renda, mas perderam o trabalho com a crise econômica gerada pela pandemia. Além disso, também foi a camada da população que mais sofreu com o aumento da inflação de alimentos. Manter o pagamento das contas básicas virou prioridade.
Por isso, o Desenrola não deve ser encarado como um programa de perdão dos perdulários, mas de auxílio aos mais necessitados. O Instituto Locomotiva acompanha o perfil dos Inadimplentes desde 2019 por meio de uma parceria com o Negocia Fácil. Um levantamento identificou que 84% dos inadimplentes acreditam que o fato de estarem endividados impacta no seu estado emocional. Além disso, 71% dos inadimplentes afirmaram que o nome de uma pessoa é o seu bem mais precioso.
Então são brasileiros que se endividaram por conta do cenário de desemprego gerado no País pela pandemia e que esperam uma chance para limpar o seu nome. Grande parte da população que está inadimplente adquiriu a dívida com crédito concedido enquanto tinha renda formal e que, agora, destinam 65% da renda para pagar apenas alimentação.
Voltar a situação de adimplência é de extrema importância para movimentar a economia. Só 25% dos brasileiros inadimplentes têm certeza de que conseguirão pagar suas dívidas. Dar condições para que os demais limpem o nome vai permitir que voltem a ter acesso a crédito e voltem a comprar, criando um ciclo virtuoso. Os inadimplentes movimentam R$ 800 bilhões por ano. Uma quantia que não pode ser desprezada pelo governo e pelo comércio.